Sangue frio e mira na cabeça de vereadora: Ronnie Lessa detalha mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes

Durante interrogatório, ex-PM afirmou que disparo em motorista ocorreu de forma acidental e por uso de munição 'inadequada'

31 out 2024 - 07h58
(atualizado às 09h09)
Ronnie Lessa em depoimento nesta quarta-feira, 30
Ronnie Lessa em depoimento nesta quarta-feira, 30
Foto: Reprodução/TJRJ

O julgamento de Ronnie Lessa, que confessou ter atirado na vereadora Marielle Franco e no motorista Anderson Gomes, e Élcio de Queiroz será retomado nesta quinta-feira, 31. No primeiro dia de interrogatórios, Lessa descreveu como foi contratado e como o crime foi cometido. 

Tratando o assunto com muita naturalidade e sangue frio, os detalhes fornecidos pelo ex-PM chocaram quem assistia ao depoimento. Familiares da vereadora precisaram ser amparados em determinado momento.

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Por videoconferência, Lessa afirmou que chegou a cogitar matar Marielle quando ela saísse de um evento na Lapa. No entanto, mudou de ideia quando se recordou de que havia um prédio da Polícia Civil próximo à região.

"Já era uma afronta, porque era uma vereadora em exercício. Fazer perto do pátio da Polícia Civil seria uma afronta maior ainda", afirmou.

A família e amigos da vereadora assistiram ao depoimento em silêncio. Luyara Franco e Marinete da Silva, filha e mãe da parlamentar, precisaram sair do plenário amparadas, após começarem a chorar. 

Lessa lembrou que esperou Marielle sair do evento e começou uma perseguição ao carro da vereadora. "O Anderson dirigia muito rápido. O Élcio quase os perdeu. Parecia uma perseguição. Quando eles pararam no sinal vermelho, o Élcio emparelhou o carro, e eu fiz os disparos", descreveu.

Julgamento de Lessa e do Queiroz, acusados de executarem Marielle Franco e Anderson Gomes, no TJRJ, nesta quarta-feira (30).
Foto: REGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

'Munição inadequada'

Segundo Lessa, a morte de Anderson foi acidental e resultado do uso de uma munição inadequada. "Tentei concentrar o máximo no alvo, que era a Marielle. Mas sabia que a arma não era adequada para isso. Se fosse um revólver, só a vereadora teria morrido. Mas, infelizmente, aconteceu a questão do Anderson. Não era para ter acontecido", explicou.

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No interrogatório, o ex-PM afirmou ter recebido uma proposta do sargento reformado da Polícia Militar Edmilson Macalé para ficar "milionário". Lessa disse que o primeiro pedido seria para assassinar o então deputado Marcelo Freixo (PT). Ele considerou o crime como "inviável".

Lessa ainda contou como Élcio iniciou sua participação no crime que vitimou a parlamentar. "Desde que ele foi expulso da polícia, ele sempre me pediu para arrumar algo, dizendo que tinha que se levantar. Pedia um trabalho de segurança, alguma coisa. Quando eu o chamei para o trabalho, não disse diretamente que era algo do Macalé, ficou meio nublado."

A assistência de acusação perguntou se Lessa havia focou na cabeça da vereadora ao efetuar os disparos. "Foquei", disse.  "Eu preciso pedir perdão a essas famílias. Perdi meu pai recentemente e já foi péssimo. Perder um filho deve ser a coisa mais triste do mundo, um marido. Infelizmente, não podemos voltar no tempo. (...) Tirei um peso confessando o crime. Se eu puder amenizar...Tenho certeza que a Justiça será feita, inclusive no STF", concluiu o ex-PM.

Ex-policial Élcio de Queiroz, reú pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
Foto: Reprodução
Fonte: Redação Terra
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