O futuro ministro da Secretaria de Governo, general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, admitiu nesta quinta-feira que o caso das movimentações financeiras atípicas de ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, pode ter algum reflexo sobre o governo, mas ressaltou que as coisas devem ser separadas.
"Isso aí não é um assunto de governo, apesar do sobrenome, por ser filho do presidente, tudo isso, sempre tem algum reflexo, mas não é um assunto de governo é assunto de um parlamentar", disse Santos Cruz, ao ser questionado por jornalistas sobre entrevista de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, deputado estadual e senador eleito pelo PSL do Rio de Janeiro
"Pela relação de parentesco você pode ter uma consequência qualquer, mas... tem que separar as coisas", acrescentou.
Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou "movimentação atípica" de cerca de 1,2 milhão de reais de Queiroz. Em entrevista ao SBT na quinta-feira, Queiroz procurou explicar as movimentações em função de suas atividade profissionais e disse ser "um cara de negócios".
"Eu faço dinheiro, compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro, eu sempre fui assim, gosto muito de comprar carro de seguradora, na minha época lá atrás, comprava um carrinho, mandava arrumar, revendia", disse Queiroz.
O ex-assessor deixou de comparecer duas vezes para depor no Ministério Público do Rio de Janeiro para explicar as movimentações.
Para Santos Cruz, toda pessoa pública deve explicações. "Qualquer pessoa pública, ela tem que esclarecer aquilo que for duvidoso sem dúvida nenhuma, isso é normal", disse.
O futuro ministro ressaltou que ainda não tinha visto o teor da entrevista de Queiroz e por isso não poderia fazer mais comentários.
O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também preferiu não comentar o caso e disse que o assunto não foi discutido nas reuniões da equipe do presidente eleito.
Entre as movimentações detectadas no relatório do Coaf sobre Queiroz estão depósitos à futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O presidente eleito já justificou os depósitos afirmando que eram pagamentos de um empréstimo que havia feito ao ex-assessor do filho, e disse que se estiver errado por não ter registrado a operação na declaração do Imposto de Renda irá reparar o erro.
Santos Cruz disse ainda que a reunião desta quinta-feira com a equipe da próxima administração tratou do Orçamento da União e de outras questões burocráticas de funcionamento do governo.