São Bernardo tem protesto contra criminalização do aborto

Manifestantes estenderam faixas, levantaram cartazes e declamaram poesias

27 fev 2015 - 22h52
(atualizado às 22h52)

Cerca de 40 pessoas protestaram nesta sexta-feira (27) contra a criminalização do aborto em frente ao Hospital São Bernardo, em São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista. No local, no último dia 16, foi presa em flagrante uma jovem de 19 anos, após ser atendida com estado de saúde debilitado em decorrência de um aborto feito horas antes. Ela foi denunciada pelo médico que fez o atendimento.

As manifestantes estenderam faixas, levantaram cartazes e declamaram poesias. “Chega de mortes por aborto clandestino, aborto legal já”, “Descriminalização do aborto”, “Estado laico é uma mentira” e “Legalizar o aborto pela vida das mulheres” eram algumas das frases estampadas. A manifestação foi acompanhada por policiais em duas viaturas.

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“Quando a mulher chega em uma situação como essa, ela percebe que não tem condição financeira, não tem condição social para sustentar uma criança, ela vai recorrer mesmo ao aborto. E a hipocrisia é imaginar que isso não acontece. É como se ela tivesse praticado o ato sexual sozinha, não se discute uma pena ao pai que não assumiria, mas se discute a pena da mulher”, disse Iraci Lacerda, professora da rede pública e militante feminista.

Segundo o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar (PM), no último dia 16, a jovem foi até uma residência de uma amiga em Diadema (SP), onde teria ingerido quatro comprimidos do medicamento abortivo Cytotec. Ela foi encontrada passando mal por uma tia momentos depois e levada ao Hospital São Bernardo, onde os médicos constataram o aborto de um feto de quatro meses.

Ela foi indiciada por aborto praticado pela gestante ou com seu consentimento e ficou detida até o pagamento da fiança de R$ 1 mil. Agora, responde em liberdade. A reportagem tentou entrar em contato com o Hospital São Bernardo, mas não foi atendida.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) abriu uma sindicância para apurar a conduta do médico que denunciou a jovem. O médico poderá ter o registro profissional cassado caso seja verificada falta grave.

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Agência Brasil
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