Cinco anos após o estupro coletivo fatal de uma estudante em um ônibus em Nova Délhi, a capital indiana apareceu nesta segunda-feira ao lado de São Paulo como uma das piores megalópoles do mundo em termos de violência sexual contra mulheres, mostrou uma pesquisa da Thomson Reuters Foundation.
O ataque de dezembro de 2012 contra uma mulher de 23 anos foi um divisor de águas na luta pelos direitos femininos na Índia, a maior democracia do planeta, levando milhares de pessoas às ruas para exigir ações contra os ataques sexuais crescentes.
A revolta pública não só obrigou as autoridades a fortalecerem as leis de gênero, criar tribunais para agilizar os julgamentos por estupro e criar um fundo para as vítimas deste crime, mas também a iniciar um debate sobre a violência sexual na nação majoritariamente conservadora e patriarcal.
Mas Nova Dhéli, metrópole que abriga mais de 26 milhões de habitantes, continua conhecida como "a capital do estupro" na Índia.
A cidade indiana e São Paulo dividiram a lanterna do estudo quando especialistas em questões femininas foram indagados a respeito dos riscos que as mulheres correm de serem vítimas de violência sexual em 19 megalópoles diferentes.
"Não estou surpresa com os resultados, já que são baseados em percepções. Índia e Brasil tiveram muita atenção da mídia para a violência sexual nos últimos anos", disse Rebecca Reichmann Tavares, diretora da Women in India, da Organização das Nações Unidas (ONU), que também trabalhou no Brasil.
"A violência sexual nestas duas cidades é, claro, uma realidade, mas não existem dados definitivos que indiquem que os índices são mais altos em Dhéli e em São Paulo do que em qualquer outra cidade."
A pesquisa solicitou a 380 especialistas de cidades com populações de mais de 10 milhões de habitantes que avaliassem o risco de violência sexual e de práticas cultural prejudiciais às mulheres, além do acesso das mulheres a assistência médica e oportunidades econômicas.
O Cairo, capital do Egito, foi considerado a cidade mais perigosa para as mulheres em geral e a terceira pior no quesito violência sexual, seguido pela Cidade do México e Daca. Tóquio foi considerada a cidade mais segura para as mulheres em termos de violência sexual.
Em julho deste ano 2.287 estupros foram relatados em São Paulo -em todo o ano de 2016 foram 2.868-, segundo números do governo, mas o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que só 10 por cento dos estupros são relatados.
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