O novo cronograma de entrega de vacinas contra covid-19 divulgado pelo Ministério da Saúde neste sábado reduziu em quase 30% a quantidade de doses de vacinas contra covid-19 que seriam entregues ao país até abril, se comparado com previsão feita pela própria pasta no mês passado – ainda sob o comando do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Anteriormente, a expectativa era de que o país recebesse de janeiro até abril 102,7 milhões de doses de vacina. Na atualização do cronograma, contudo, o país vai receber no período 72,7 milhões de doses.
A título de comparação, somente em abril – mês em que o país registrou piores momentos da pandemia – a previsão era de receber 47,3 milhões de doses. O governo, entretanto, vai receber 26,6 milhões de doses – 20,7 milhões de doses a menos.
Desde o início da gestão do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, há um mês, a pasta vem evitando apresentar dados detalhados sobre o cronograma de recebimento de vacinas contratadas.
Mas, na última terça-feira, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia dado prazo de cinco dias para o governo do presidente Jair Bolsonaro se manifestar em uma ação movida pela Rede Sustentabilidade que cobrava a divulgação detalhada do cronograma de recebimento de vacinas contra covid-19.
Em entrevista coletiva neste sábado, o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Otávio da Cruz, atribuiu a diferença de número de doses recebidas no período à não entrega por falta de insumos e também por parte de laboratórios não terem recebido o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"No mês de abril, de igual forma, a gente teve uma expectativa mais baixa de produção porque a gente não teve a Covaxin entregue e tivemos alguns ajustes aí", disse o dirigente, citando que a vacina russa Sputink V também não foi liberada para uso. Na segunda-feira a Anvisa vai avaliar um pedido de importação feita por Estados e municípios desse imunizante.
O secretário-executivo disse que o cronograma passará a ser atualizado semanalmente pelo ministério.
Na coletiva de sábado, o Ministro da Saúde disse que, apesar dos "contratempos" na entrega das doses, o país está muito próximo de atingir a meta de vacinação das pessoas acima dos 60 anos.
Na quarta-feira, em entrevista coletiva, Marcelo Queiroga já havia admitido que iria adiar, em quatro meses, para setembro, a conclusão da vacinação contra covid-19 dos grupos prioritários no país.
O Brasil possui o segundo maior número absoluto de mortes por covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Levantamento da Reuters aponta que, mesmo após a estabilização recente, o país ainda lidera o planeta na quantidade média diária de mortes pela doença, sendo responsável por um em cada cinco óbitos registrados no mundo a cada dia.
A demora do governo federal de fechar acordos com laboratórios para acelerar a vacinação, durante a gestão Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, será um dos focos de investigação da CPI da Pandemia do Senado, que terá seus trabalhos formalmente instalados na terça-feira.
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