Mesmo após quatro anos de operação Lava Jato ainda há uma sensação de impunidade no país e muitos continuam dispostos a praticar crimes, disse nesta sexta-feira a delegada da Polícia Federal Érika Marena, que atuou na operação de combate à corrupção e que fará parte da equipe do futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, no próximo governo.
Durante evento organizado pela FGV Energia, Marena afirmou que mesmo após quase 60 operações ao longo de mais de quatro anos de Lava Jato ainda há políticos, governantes e empresários que acreditam que vale à pena entrar em esquemas de propina, corrupção e desvio de verbas públicas.
"A Lava Jato mostrou que políticos foram para cadeia, mas a sensação de impunidade continua forte e os gestores públicos ainda apostam em direcionar contratação, propina e empresários acham que vale a pena entrar nesse jogo", disse.
Marena, que assumirá o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do próximo governo, disse esperar que a sociedade se mobilize contra os casos de corrupção e que, além de uma melhora nos mecanismos de gestão das verbas públicas, se desenvolva um sentimento de inconformismo entre a população.
"O que eu espero após a Lava Jato é inconformismo da nossa população quanto ao que acontece. Não é possível a quantidade de impostos nesse país, a começar do mais humilde, e não é possível ver após a Lava Jato haver operações deflagradas diariamente", disse.
Marena criticou ainda o fechamento de unidades de delegacias de combate à corrupção pelo Brasil, e cobrou um maior engajamento dos governos no combate aos desvios e irregularidades.
"Espero que uma herança da Lava Jato seja inconformismo com a situação, que tenhamos um governo comprometido com o combate a corrupção, que fortaleça as instituições que atuam nisso com pessoas e materiais", disse.
"A Lava Jato teve e tem sua importância, mas vemos, infelizmente, dioturnamente operações mostrando que ainda há muitas pessoas dispostas a roubar o país", acrescentou.
Nesta sexta-feira, a Lava Jato deflagrou sua 56ª fase para cumprir 22 mandados de prisão e diversas ordens de busca e apreensão como parte de investigação sobre suspeita de pagamento de propina de 68 milhões de reais de empreiteiras a agentes públicos e empresários na construção de um prédio da Petrobras na Bahia.