Fernanda Chaves, ex-assessora da vereadora Marielle Franco, relatou os momentos de tensão que viveu enquanto estava no carro com a vereadora e o motorista, Anderson Gomes. A assessora foi a única sobrevivente do ataque a tiros que vitimou a parlamentar e Anderson, e afirmou que conseguiu fazer o veículo parar após os tiros. Ela foi a primeira testemunha ouvida no julgamento sobre a morte da então vereadora do Rio de Janeiro e de Anderson Gomes, em 2018.
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O julgamento aconteceu nesta quarta-feira, 30, no Fórum do Rio de Janeiro, e teve a presença de familiares de Marielle. Após seis anos e meio das execuções, os réus confessos, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz começaram a ser julgados pelo caso.
Durante o depoimento, Fernanda contou em detalhes como foi o momento do ataque, e o que fez para se proteger.
"Me enfiei atrás do banco, mas, nesse momento, os tiros já tinham atravessado a janela. Eu pude perceber que o carro continuava em movimento. A Marielle não disse absolutamente nada. Uns segundos antes, ela fez algum comentário no sentido de 'nossa, eita', algo assim, mas ela se referia às fotos que a gente via. Houve a rajada, eu me abaixei, me encolhi atrás do banco, percebi que o Anderson esboçou dor, falou 'ai', mas não foi alto, foi um suspiro", conta.
A assessora percebeu que o carro ainda estava em movimento, mesmo com Anderson desacordado. Ela notou que os braços dele caíram do volante, e que Marielle também havia sido atingida. "A Marielle estava imóvel. Senti o braço dela por cima de mim, o peso do corpo dela sobre mim. Eu estava sem cinto, por isso consegui me abaixar atrás do banco. Eu percebi que o carro estava em movimento, eu via um pouco de luz entrando pelas janelas, que estavam estouradas, e então fiz o carro parar", continuou.
Fernanda diz que se esticou para a frente, ainda abaixada, pegou o volante, desengatou a marcha e puxou o freio de mão, fazendo o carro parar. Depois, percebeu que a porta do carro estava presa, e precisou desligar a chave do carro para conseguir sair.
Ela acreditava que havia passado por um confronto entre policiais e criminosos, e não que o veículo havia sido alvo de um ataque premeditado.
"Tive a sensação de que tinha passado por um confronto, até porque isso tinha acontecido ali poucos dias antes, um pouco antes do Carnaval. Havia tido ali um confronto entre policiais e bandidos na entrada do Estácio. Então, a primeira coisa que me veio à cabeça foi que eu acreditava que tinha acabado de passar por um tiroteio, até porque, Rio de Janeiro, né? Infelizmente, isso é uma realidade do Rio de Janeiro", completou.
Julgamento
O julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, réus pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, começa nesta quarta-feira, 30, com depoimentos das testemunhas de acusação. A principal testemunha é Fernanda Chaves, então assessora da parlamentar que estava no carro e foi a única sobrevivente do atentado.
A audiência acontece no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, no Centro da capital fluminense.
Os réus estão presos desde 2019 e irão a júri popular. Eles participaram por videoconferência: Ronnie Lessa, do Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo, e Élcio de Queiroz, do Complexo da Papuda, em Brasília. Testemunhas também poderão participar de forma on-line.