Sete presidenciáveis e vários vices foram oficializados neste fim de semana; saiba quem são

Sete pré-candidatos foram confirmados por seus partidos ao longo do dia; e outras três legendas anunciaram apoios

5 ago 2018 - 19h37
(atualizado às 20h30)

A política brasileira foi movimentada ao longo deste fim de semana pelo encerramento da temporada de convenções partidárias. Nada menos que sete pré-candidatos presidenciais foram confirmados na disputa por suas legendas. Três candidatos definiram seus vices, e várias outras siglas decidiram apoiar candidatos de outros partidos - e o PSB decidiu não apoiar formalmente nenhuma candidatura.

O fim de semana também trouxe o desfecho para a "novela" dos vices de alguns candidatos - o pedetista Ciro Gomes anunciou a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) como sua vice; e Jair Bolsonaro (PSL) oficializou o general Antônio Hamilton Mourão, do PRTB, como seu companheiro de chapa - o PRTB desistiu de lançar o pré-candidato Levy Fidelix em nome do apoio a Bolsonaro.

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Ao todo, 12 partidos realizarão suas convenções neste fim de semana
Ao todo, 12 partidos realizarão suas convenções neste fim de semana
Foto: smartboy10 / Getty Images / BBC News Brasil

Depois de fracassar nas negociações com o PT, Manuela D'Ávila (PC do B) anunciou como vice o sindicalista Adilson Araújo, atual presidente da central sindical CTB e também filiado ao PC do B.

No sábado, em São Paulo, o PT confirmou o ex-presidente Lula como seu candidato presidencial - mesmo preso em Curitiba, Lula influiu no debate sobre seu companheiro ou companheira de chapa. A Executiva Nacional do partido está reunida desde o começo da tarde deste domingo, em São Paulo, e deve definir quem será o vice do ex-presidente. Integrantes da Comissão disseram à BBC News Brasil, sob condição anonimato, que o nome mais provável era o de Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.

Manuela D'Ávila (PC do B) oficializou como vice um sindicalista do próprio partido, depois que as negociações com o PT falharam
Foto: Fábio Pozzebom / Agência Brasil / BBC News Brasil

Em Brasília, Marina Silva foi aclamada no sábado como a candidata da Rede Sustentabilidade, e Geraldo Alckmin tornou-se o candidato oficial do PSDB à Presidência, também no sábado.

Na parte de baixo das pesquisas de intenção de voto, Álvaro Dias foi ungido candidato presidencial do Podemos (antigo PTN); e o liberal João Amoêdo oficializou-se candidato pelo Novo. No domingo, o partido Patriota (antigo PEN) lançou o deputado federal Cabo Daciolo (RJ) como candidato à presidência.

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No domingo, o Partido Pátria Livre oficializou a candidatura de João Goulart Filho à presidência, num evento em São Paulo. O candidato do PPL é filho do ex-presidente João Goulart, o Jango (1919-1976), cujo mandato foi interrompido pelo golpe militar de abril de 1964.

O tucano Geraldo Alckmin recebeu o apoio formal de mais dois partidos neste sábado: o PR (legenda com 34 deputados federais eleitos em 2014) e o PPS (10 deputados eleitos). O Partido Humanista da Solidariedade (PHS), que elegeu 5 deputados em 2014, oficializou o apoio a Henrique Meirelles (MDB) - e ele próprio participou do evento na sede da sigla, também em Brasília, no sábado.

Abaixo, um resumo dos fatos mais importantes deste fim de semana:

Para compensar a ausência física de Lula, o PT criou um evento totalmente voltado à figura do ex-presidente
Foto: PAULO PINTO / FOTOSPUBLICAS / BBC News Brasil

Lula (PT)

A convenção do PT ocorreu neste sábado na Casa de Portugal, um espaço de eventos no bairro da Liberdade, em São Paulo. Sem seu principal líder presente, o partido recorreu a máscaras de Lula distribuídas aos militantes com o rosto de Lula - além de uma profusão de camisetas, botons e bandeiras com a imagem do ex-presidente. Mesmo preso em Curitiba desde o dia 7 de abril deste ano - e virtualmente impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa - Lula foi aclamado como candidato pelos cerca de 600 votantes da convenção.

Marcada de início para às 9h30, a cerimônia do PT atrasou cerca de uma hora e meia: antes da convenção, foi realizada uma reunião da Comissão Executiva Nacional do partido, na qual o principal assunto era a discussão sobre quem será o candidato ou candidata à vice-presidência na chapa de Lula. Como não houve qualquer decisão no sábado, uma nova rodada de reuniões da cúpula petista está em andamento desde às 17h deste domingo.

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Há quem defenda que o posto fique com Fernando Haddad, cotado para ser o substituto de Lula na cabeça de chapa, quando sua candidatura for negada pela Justiça Eleitoral.

Outra corrente de opinião prefere a atual presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR) como vice de Lula. Ela atuaria como uma espécie de anti-candidata, divulgando o que o PT entende como uma injustiça na eleição deste ano - a exclusão de Lula.

Durante a manhã de sábado, integrantes da Comissão receberam ligações de dirigentes do PC do B, que desejavam que o PT anunciasse Manuela D'Ávila como vice de Lula já na convenção de ontem - mas as negociações fracassaram.

A cúpula petista está em compasso de espera, aguardando Lula. Da esq. para a dir: Lindbergh, Haddad, Paulo Pimenta e Gleisi Hoffmann
Foto: Ricardo Stuckert / divulgação / BBC News Brasil

Lula enviou uma carta à convenção, que foi lida pelo ator Sergio Mamberti - o mestre de cerimônias do evento. "Esta é a primeira vez em 38 anos que não participo pessoalmente de um encontro nacional do nosso partido", começa a missiva.

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"Já derrubaram uma presidenta eleita; agora querem vetar o direito do povo escolher livremente o próximo presidente. Querem inventar uma democracia sem povo", continua Lula, referindo-se ao impeachment de Dilma em 2016. "A decisão de hoje vai nos conduzir a uma luta sem tréguas pela democracia, pelo povo brasileiro e pelo Brasil. E a vitória dependerá do empenho de cada um de nós", diz o texto.

Apesar do clima de unidade em torno da figura de Lula, alguns militantes da juventude do partido puxaram palavras de ordem para questionar decisões recentes da cúpula petista - principalmente o acordo desta semana com o PSB, que resultou na retirada da candidatura de Marília Arraes (PT) ao governo de Pernambuco. Alguns empunhavam cartazes com o nome de Marília, hoje vereadora em Recife.

Esta será a terceira vez que Marina Silva disputa a corrida presidencial - mas terá estrutura e tempo de TV menor desta vez
Foto: Fabio Pozzebom / Agência Brasil / BBC News Brasil

Marina Silva (Rede)

Ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente (2003-2008) no governo Lula, Marina Silva foi aclamada candidata no evento da Rede Sustentabilidade - partido nascido oficialmente em 2015. Esta será a terceira vez que Marina disputa a presidência da República. Desta vez, Marina terá como companheiro de chapa o médico sanitarista Eduardo Jorge, filiado ao PV.

O evento ocorreu num antigo parque aquático e hotel de Brasília, a poucos quilômetros do Palácio da Alvorada.

Marina Silva discursou por cerca de uma hora. Comentando a fragilidade de sua aliança para a disputa presidencial, disse ser especialista em passar por "frestas" - citou o fato de só ter sido alfabetizada aos 16 anos de idade, e de ter sobrevivido a doenças como a hepatite. "A postura (pessoal) vai derrotar o mecanismo, as estruturas. O povo brasileiro não vai ser submetido aos 'centrões' de esquerda, de direita, de centro. Quem está no centro é o povo brasileiro!", disse, exaltada.

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Geraldo Alckmin (PSDB) aproveitou seu discurso para atacar tanto Bolsonaro (PSL) quanto o PT
Foto: José Cruz / BBC News Brasil

Geraldo Alckmin (PSDB)

Geraldo Alckmin, 65 anos, foi escolhido para ser o candidato do PSDB à presidência da República num evento neste sábado, em Brasília. Alckmin terá como vice a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), cujo partido faz parte da mega-aliança de oito legendas que o apoiam. Além do PP de Ana Amélia, o tucano terá o apoio de DEM, PR, PRB, PSD, PTB, PPS e SD. Antes da convenção do PSDB, Alckmin discursou ontem nos eventos de outros dois partidos de sua coligação: o PR e o PPS.

"Um governo de qualidade requer espírito público, coesão. Requer alianças, para poder fazer o melhor", discursou Alckmin no evento do PSDB. "Nós vamos mudar o Brasil, não com bravatas (...), com gritaria e tumulto - aliás foram exatamente as bravatas e os radicalismos que criaram a criaram a coincidência trágica que o governo petista nos deixou: 13 milhões de desempregados", disse ele, referindo-se ao código eleitoral do PT. Dos 290 votos da convenção, Alckmin teve 288: recebeu também uma abstenção e um voto contrário.

O ex-governador tucano de São Paulo começou a trilhar o caminho até sua candidatura presidencial em novembro passado. Naquele mês, conseguiu que o senador Tasso Jereissati (CE) desistisse de concorrer à presidência do PSDB - em dezembro, Alckmin se tornou o presidente do partido. E em março deste ano, o paulista de Pindamonhangaba não teve concorrente nas prévias do PSDB. Seu rival, o senador Arthur Virgílio (AM), retirou a candidatura antes da disputa.

Esta é a segunda vez que Alckmin concorre à Presidência: em 2006, ele foi derrotado por Lula (PT), no segundo turno. Seus adversários fazem questão de lembrar que ele teve menos votos na segunda rodada da eleição que na primeira.

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Governador de Brasília pelo PSB e candidato à reeleição, Rodrigo Rollemberg (foto) ficou quase sozinho na defesa de Ciro Gomes
Foto: Agência Brasil / BBC News Brasil

PSB decide ficar neutro, prejudicando Ciro

O Partido Socialista Brasileiro fez sua convenção no domingo, no Hotel Nacional, em Brasília. O partido decidiu como esperado pelo PT, e optou por permanecer neutro nas eleições presidenciais deste ano -a decisão prejudica a candidatura de Ciro Gomes (PDT), que esperava atrair o PSB para sua coligação.

Cerca de 350 pessoas votaram na convenção, e a maioria escolheu a neutralidade - de 13 dirigentes partidários na mesa do evento, só dois, incluindo o governador Rodrigo Rollemberg (DF) se levantou para defender o apoio a Ciro Gomes. No auditório, militantes dos diretórios de Brasília, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul traziam cartazes defendendo o apoio ao pedetista. No fim, prevaleceu a posição defendida pelos diretórios de Pernambuco e São Paulo.

Álvaro Dias (Podemos) conseguiu construir em torno de si uma aliança de partidos pequenos
Foto: André Carvalho / CNI / BBC News Brasil

Álvaro Dias (Podemos)

O Paraná é o berço político do candidato Álvaro Dias, e foi na capital Curitiba que o Podemos realizou sua convenção nacional neste sábado. O evento também oficializou o nome do ex-presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro (PSC), como candidato à vice-presidência. Castro chegou a ser pré-candidato à presidência pelo PSC, mas retirou seu nome para apoiar Alckmin na última quarta-feira. Álvaro Dias também terá o apoio de PRP e do PTC, partido do ex-presidente Fernando Collor (hoje senador por Alagoas).

Paulista de Quatá, Álvaro Dias fez carreira política no Paraná e está em seu sétimo partido político - já passou duas vezes pelo PSDB (de 1994 a 2001 e de 2003 a 2016), e pelo antigo MDB (1968-1989). Reeleito senador pela terceira vez consecutiva em 2014, Álvaro Dias voltará à Casa Alta caso seja derrotado na disputa presidencial.

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João Amoêdo se lançará com um chapa 'puro-sangue': seu candidato a vice também é do Novo
Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil / BBC News Brasil

João Amoêdo (Novo)

João Amoêdo foi lançado candidato por seu Partido Novo num evento em São Paulo, na tarde deste sábado. O evento ocorreu na Câmara de Comércio Americana (Amcham), na zona Sul da cidade. Ex-executivo de instituições financeiras, Amoêdo terá por vice o cientista político Christian Lohbauer, também filiado ao Novo.

Por enquanto sem alianças com outros partidos, o Novo se propõe a apresentar candidaturas ideologicamente identificadas com o liberalismo econômico. Em seu primeiro discurso como candidato, Amoêdo diz que o objetivo de sua sigla é "mudar o sistema (político)" do país. "Quando a gente começou, o que eu queria era ir para o setor público para tentar dar uma ajuda, Mas felizmente eu entendi que o sistema que está lá não foi feito para facilitar a vida do brasileiro. A missão era outra", disse Amoêdo.

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