Senadora do MDB e terceira colocada na corrida ao Planalto ressaltou que a parceria com o ex-presidente petista não era programada, mas que se tornou necessária pelo bem da democracia.Dois dias após anunciar seu apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno, a senadora e terceira colocada na corrida ao Planalto, Simone Tebet (MDB), se reuniu nesta sexta-feira (07/10) com o petista e seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB).
"Fica aqui o compromisso não apenas do meu voto, mas o meu total apoio à sua campanha, e ao seu governo", afirmou Tebet, ao lado do petista, com quem dividiu palco e posou para fotos.
Tebet teve cerca de 4,9 milhões de votos no primeiro turno (4,2%), superando Ciro Gomes, que apareceria na frente dela na maior parte das pesquisas eleitorais. O encontro era muito aguardado pela campanha de Lula e visto como de extrema importância.
Tebet ressaltou que a parceria com o ex-presidente petista não era algo programado, mas que se tornou necessária por algo muito maior, a democracia.
"Presidente Lula, este não era um encontro agendado. Temos diferenças políticas e econômicas, mas o que está em jogo é maior: amor ao Brasil, democracia e Constituição", disse no encontro em São Paulo.
A senadora também destacou que a chapa de Lula se comprometeu em incorporar algumas de suas propostas e sugestões ao programa de governo.
"Pensamos da mesma forma. O Brasil precisa ser reconstruído. Um Brasil generoso e que inclua, que não fique ninguém para trás", disse Tebet.
"Nós hoje estamos reunidos porque o que nos une é o nosso amor mais profundo ao Brasil, o nosso respeito incondicional à democracia, aos valores e princípios estabelecidos na Constituição", destacou a emedebista. "O Brasil que eu quero só pode ser construído por Lula e Alckmin", completou.
Críticas de Lula a Bolsonaro
Na sequência, Lula se comprometeu, mais uma vez, a executar as propostas apresentadas por Tebet e não poupou elogios à senadora.
"Sua campanha servirá de lição para que nenhuma mulher se sinta inferior em nenhuma disputa. Você não tem noção da sua importância", afirmou o ex-presidente.
O ex-presidente também fez críticas ao seu adversário do segundo turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL), e lembrou que o atual mandatário não se solidarizou às vítimas da covid-19 no Brasil. Tebet foi um dos nomes de destaque na CPI da Covid realizada pelo Senado, que investigou possíveis omissões do governo em relação à gestão da pandemia.
"Nós não estamos lutando contra um político normal daquele que a gente estava habituado a combater e você já participou de muitas eleições. Nós estamos diante de um homem sem alma, sem coração. De um homem que não teve a sensibilidade de derramar uma única lágrima por nenhuma das mais de 680 [mil] vítimas de Covid. Um homem que, presidindo esse país, não teve coragem de visitar uma única criança órfã de pai e mãe que morreram de Covid. Não teve dó nem piedade de negar as vacinas quando elas poderiam ter salvado metade das pessoas que morreram", disse o petista.
Como o apoio foi costurado
Antes de anunciar a decisão de apoiar Lula na quarta-feira, Tebet almoçou com o petista e Alckmin, em São Paulo, na casa da ex-ministra Marta Suplicy, hoje sem partido mas que já esteve no PT e no MDB.
O almoço foi precedido de uma conversa por telefone entre Tebet e Lula, na segunda-feira, intermediada pela mulher do petista, a socióloga Rosângela "Janja" Silva, noticiou a Folha de S.Paulo.
A candidata a vice de Tebet, a senadora tucana Mara Gabrilli, declarou voto em branco no segundo turno. Tebet, no entanto, logo após o pleito de domingo, disse que não iria se omitir.
"Não esperem de mim omissão, vou me pronunciar no momento certo. Tenho meu lado", afirmou.
Na terça-feira, o MDB liberou seus filiados a escolherem quem apoiar. No mesmo dia, a senadora se encontrou com Alckmin. Os dois posaram para uma foto segurando o plano de governo de Tebet, o que aumentou as especulações de um eventual apoio a Lula.
Também esta semana, o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso declarou apoio a Lula no segundo turno, "por uma história de luta pela democracia e inclusão social". Um dia depois, quatro importantes economistas brasileiros, entre eles três considerados "pais" do Plano Real, anunciaram apoio a Lula.
Na terça-feira, o candidato pedetista derrotado em primeiro turno, Ciro Gomes, e o PDT anunciaram apoio a Lula. O PDT afirmou que o petista é a alternativa mais próxima do partido. Já Ciro disse, em vídeo, que é a "única saída". Ciro, no entanto, não deve se envolver na campanha do petista - ao contrário de Tebet.
Por outro lado, Bolsonaro conta com o apoio de governadores de grandes colégios eleitorais: Rodrigo Garcia (PSDB- SP), Romeo Zema (Novo-MG) e Cláudio Castro (PL-RJ).
le(ots)