Membro fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-senador e secretário municipal de Direitos Humanos de São Paulo, Eduardo Suplicy, afirmou que, a exemplo da senadora e ex-mulher Marta Suplicy, também recebeu “apelos” para deixar a sigla. “Como a Marta recebeu esses apelos, eu também recebo, basta eu ver meu [perfil no] Facebook. Mas a maior parte quer que eu continue”, disse.
O secretário conversou esta semana com o Terra durante uma agenda dele na cidade. Informado inicialmente sobre o assunto – uma vez que, nos próximos dias, o PT deve requerer a vaga de Marta à Justiça eleitoral –, recuou: “É algo sobre o qual eu não vou falar”, resumiu. Depois, mudou de ideia.
Marta anunciou a desfiliação do PT no final do mês passado, após 33 anos na sigla. A senadora, que já recebeu convite do PSB com a oportunidade de disputar a Prefeitura pelo partido, ano que vem, alegou que, “como membro do PT, encontro-me em uma situação bastante constrangedora na bancada do plenário do Senado”. “Tenho me furtado a discursar e emitir minhas opiniões por me negar a defender um partido que não me representa”, escreveu, na carta de desfiliação de quatro páginas.
“A maior parte [da militância que interage com ele] quer que eu continue. Os mesmos motivos que me levaram a ser membro fundador do PT, neles eu acredito e [por eles] quero lutar para que, se pessoas dentro do partido cometeram erros, e alguns extremamente graves, como de enriquecimento ilícito e tudo, nós precisamos tomar medidas para prevenir e corrigir os erros”, disse. “Em uma organização de mais de 1,7 milhão de filiados, acontece de haver pessoas que cometam erros. Então, minha postura é diferente da dela”.
Indagado de a saída de Marta o surpreendeu, Suplicy resumiu: “Eu não teria recomendado, se ela tivesse me perguntado”, concluiu.
Marta e Suplicy foram casados por mais de 36 anos. Eles anunciaram a separação em 2001. Suplicy deixou o Senado no final do ano passado, ao não ser reeleito - perdeu a vaga para o ex-governador e ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB). Em fevereiro, o ex-senador foi nomeado secretário pelo prefeitto Fernando Haddad (PT), mas abdicou de salário.