Funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em São Paulo realizam na manhã desta terça-feira um super mutirão para emissão de carteiras de trabalho a um grupo de imigrantes haitianos recém-chegados do Acre. O grupo está alojado no Centro de Estudos Migratórios, na Paróquia Nossa Senhora da Paz, na Baixada do Glicério, centro de São Paulo, desde o último dia 12, egresso das enchentes do rio Madeira, na região da Brasiléia.
Desta vez, o mutirão será realizado na paróquia a um grupo estimado de 250 imigrantes. Na última sexta-feira, a prefeitura de São Paulo encaminhou os haitianos à sede do MET na capital paulista para a emissão do documento - foram confeccionadas 85 carteiras. De acordo com o diretor do centro, padre Paolo Parise, o super mutirão foi prometido nesta segunda-feira pelo próprio ministro do Trabalho, Manoel Dias, que teve agenda em São Paulo.
“O ministro nos garantiu que amanhã começa uma força-tarefa do ministério para emissão de carteiras de trabalho. Na sexta, foram 85, mas esse número ainda é pequeno perto da demanda -são no mínimo 250 imigrantes esperando o documento”, disse o diretor. Conforme o religioso, a expectativa é que o mutirão atenda também um grupo de 14 imigrantes da República Dominicana que chegaram do Acre junto com os haitianos. “Alguns deles já foram para o Sul do País, trabalhar nas lavouras, mas restam estes 14”, observou.
Conforme o diretor do centro, uma paróquia no Tucuruvi, zona norte de São Paulo, disponibilizou um salão que comportará até 50 haitianos. “A Secretaria de Direitos Humanos da prefeitura mandou representantes aqui no sábado passado, mas ainda aguardamos solução concreta a essa situação”, concluiu Parise.
Na sexta passada, uma inspeção do Ministério Público do Trabalho com os haitianos do Glicério apontou risco de aliciamento para trabalho escravo na região em relação aos imigrantes. Segundo a prefeitura, ao menos 800 haitianos chegaram à cidade, desde o último dia 10, vindos do Acre. O paradeiro de metade deles não é conhecido - estima-se que estejam na casa de outros haitianos, amigos ou familiares -; o restante está em abrigos municipais e na igreja do Glicério.