O provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Kalil Rocha Abdalla, pediu afastamento do cargo por 90 dias, em meio a acusações de má gestão, dívidas que superam os R$ 800 milhões e um abaixo-assinado online elaborado por um grupo de funcionários na sexta-feira e que nesta segunda-feira, por volta das 11h30, já contava com 2.500 assinaturas.
No início da manhã, o mesmo grupo ameaçou fazer um ato que acabou substituído por uma reunião, da qual resultou uma carta. Representante do movimento Santa Casa Viva, o médico José Gustavo Parreira leu a carta escrita pelo grupo à mesa administrativa da entidade. O Santa Casa Viva reúne diversas categorias profissionais, estudantes, e residentes da Santa Casa e pretende organizar um movimento para recuperar a instituição.
A carta lida pelo médico, diz que a situação é urgente e demanda ação imediata.
“Acreditamos que a renúncia ou o afastamento do provedor Kalil Rocha Abdalla faz-se necessário para sairmos dessa crise sem precedentes. A mesa administrativa, composta por 50 irmãos mesários, não pode se omitir neste momento", diz a carta. "Cabe aos senhores assumir essa responsabilidade convocando uma assembléia geral imediatamente, fazendo cumprir nossa reivindicação de destituição do provedor”.
Segundo o grupo, se o provedor não for retirado do cargo, continuarão prejudicados o atendimento à população, as atividades da residência médica, a faculdade de ciências médicas e o trabalho dos funcionários de outros setores.
Com a saída do provedor Abdalla, que foi reeleito para o terceiro mandato em abril deste ano, quem assume a cadeira é o vice-provedor Ruy Altenfelder.
Sem greve
Ana Lúcia Firmino, diretora jurídica do Sindicato dos enfermeiros do Estado de São Paulo (Seesp) explicou que a ação de dos médicos não foi coordenada pelo sindicato. Ela ressaltou ainda que os funcionários e o sindicato descartam a possibilidade de fazer paralisações:
“Entendemos que a Santa Casa tem um papel social muito importante e, se não houver atendimento não se gera recurso, pois o repasse de verbas depende do registro desses atendimentos”.
De acordo com nota enviada pela Santa Casa por meio da assessoria de imprensa, o afastamento de Abdalla ocorreu para que a sindicância em andamento seja feita com maior transparência.
As informações ainda indicam que a sindicância tem o objetivo de averiguar eventuais responsabilidades nos temas apontados na auditoria feita pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.