O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático (de comunicações) de 11 parlamentares federais aliados ao presidente Jair Bolsonaro no inquérito que investiga o financiamento de manifestações antidemocráticas no país, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do caso.
O afastamento dos sigilos pelo STF foi requerido pela Procuradoria-Geral da República, que pediu a abertura desta investigação há quase dois meses e tem por objetivo apurar quem vem bancando atos que defendem o fechamento do Supremo e do Congresso Nacional. Entre os alvos da quebra de sigilos estão o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) e as deputadas Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF).
A reportagem não tem a confirmação detalhada sobre quais os sigilos foram quebrados de cada um dos alvos da decisão do Supremo.
Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal cumpriu 26 mandados de busca e apreensão no inquérito dos atos antidemocráticas. Daniel Silveira foi um dos 21 alvos da operação desta manhã.
Em nota, a assessoria de imprensa de Carla Zambelli disse que a defesa da parlamentar não foi "intimada a respeito de suposta quebra de sigilo bancário da deputada, não sabendo sequer em qual procedimento a referida decisão pode ter sido ultimada".
Segundo a nota, a deputada disse que "se alguém espera encontrar algo que me comprometa, terá uma grande decepção". "Reforçamos que a parlamentar está, como sempre esteve, à disposição das autoridades", completa a nota.
A assessoria de imprensa da deputada Bia Kicis informou que ainda não foi notificada da decisão de quebra do sigilo dela determinada pelo STF.
A Reuters não conseguiu contatar de imediato o deputado Daniel Silveira. Mais cedo, no entanto, o deputado se manifestou sobre a operação da PF desta terça contra ele e outros alvos.
"Polícia Federal em meu apartamento. Estou de fato incomodando algumas esferas do velho poder. E cada dia estarei mais firme nessa guerra!", escreveu o deputado em sua conta no Twitter. Pouco depois, na mesma rede social, o deputado disse que permaneceu em silêncio durante depoimento à PF, mas afirmou que prestará esclarecimentos após ter acesso ao inquérito, que classificou de "absurdo e recheado de inconstitucionalidades".