O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta segunda-feira o julgamento da ação que questiona as medidas que o governo Jair Bolsonaro têm adotado para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus nas aldeias indígenas, e vai retomá-lo na quarta-feira.
Na sessão extraordinária desta segunda, a primeira da corte na volta do recesso forense, houve sustentações orais de envolvidos e apenas o relator da ação, ministro Luís Roberto Barroso, votou para confirmar os termos da liminar que havia dado.
Barroso tinha determinado que a União formulasse em 30 dias um plano de enfrentamento da Covid-19 para os povos indígenas. Em seu voto na segunda, ele disse que essa decisão era mais adequada a um diálogo institucional do que eventualmente ordenar uma retirada de invasores dessas localidades.
"Eu não quis, com todo respeito, alimentar a crença que eu considero fantasiosa de que pudesse ser singela a operação de retirar 70 mil pessoas à força de uma penada", disse. "É preciso um planejamento, mas tem que ter um planejamento", completou.
O processo foi movido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e seis partidos políticos pedindo medidas legais imediatas pelo risco real de genocídio da população indígena.
No processo movido no início do mês passado, a Apib cita que, de acordo com o Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena da Apib, até o dia 27 de junho, o país registrava 378 indígenas falecidos, 9.166 infectados e 112 povos atingidos pelo vírus.
"Com base nos dados da Apib, verifica-se que o índice de letalidade da Covid-19 entre povos indígenas é de 9,6%, enquanto que, entre a população brasileira em geral, é de 5,6%", contabilizou na época.
No início do mês passado, militares entregaram equipamentos de proteção e remédios a comunidades indígenas isoladas da Amazônia na fronteira com a Venezuela e examinaram índios para detectar a Covid-19, já em meio a críticas de que o governo estaria fazendo pouco nessa área.