Todos ministros devem estar sintonizados comigo, diz Bolsonaro em pronunciamento

8 abr 2020 - 21h54
(atualizado às 22h02)

Após dias de embates com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sobre a atuação do governo no combate ao novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira à noite que tem a responsabilidade de tomar decisões sobre questões do país de forma ampla, mas destacou que todos devem estar sintonizados com ele.

08/04/2020
REUTERS/Adriano Machado
08/04/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Tenho a responsabilidade de decidir sobre as questões do Brasil de forma ampla, usando a equipe de ministros que escolhi para conduzir os destinos da nação. Todos devem estar sintonizados comigo", disse ele, em pronunciamento da cadeia nacional de rádio e TV.

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Mandetta e Bolsonaro têm tido embates nas últimas semanas em razão da atuação do governo sobre o coronavírus. O ministro é defensor de se manter o rigor no isolamento social feito por governadores e prefeitos, enquanto o presidente sugere que apenas os de grupo de maior risco, idosos e portadores de doenças pré-existentes, se isolem.

Na segunda-feira, após forte especulação sobre eventual queda do titular da Saúde, Mandetta fez um pronunciamento dizendo que ficaria no cargo.

Numa tentativa de armistício público, após terem tido uma reunião a sós na manhã desta quarta no Palácio do Planalto, tanto Bolsonaro quanto Mandetta, deram declarações conciliatórias ao longo do dia. A um programa de TV, o presidente disse que estava "tudo acertado" entre eles ao ressalvar ser comum ocorrer atritos porque está "todo mundo estressado de tanto trabalho".

Mandetta, por sua vez, disse que o presidente está no comando do time e defendeu que se olhe para frente no trabalho para enfrentar a pandemia de coronavírus, após ter reconhecido que houve "dificuldades internas" em relação às ações do governo.

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DOIS PROBLEMAS

No pronunciamento, o presidente disse que sempre defendeu que "dois problemas" --o vírus e o desemprego-- fossem atacados simultaneamente. Destacou ter certeza de que a "grande maioria" dos brasileiros quer voltar a trabalhar.

Segundo o presidente, mais humildes não podem deixar de se locomover para buscar o pão de cada dia. Disse ainda que desemprego leva a pobreza, fome, miséria e até a morte.

"As consequências do tratamento não podem ser mais danosas que o própria doença", disse.

Ao mesmo tempo Bolsonaro se solidarizou com as famílias que perderam pessoas nessa "guerra". 

O presidente ressaltou que as medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus são de responsabilidade exclusiva dos governadores e prefeitos e destacou que o governo federal não foi consultado sobre elas.

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"Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração", disse.

Novamente, o presidente fez uma defesa do tratamento para a Covid-19 com hidroxicloroquina desde a sua fase inicial.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no entanto, tem afirmado que ainda são preliminares os estudos sobre a validade da cloroquina para curar infectados com o coronavírus, e sem ter certeza de estar realmente com a Covid-19 as pessoas estariam correndo os riscos dos efeitos colaterais deste medicamento

Bolsonaro disse ter conversado com o médico Roberto Kallil, infectado pelo coronavírus que admitiu ter usado essa medicação.

O presidente listou uma série de medidas que o governo federal tem adotado para amenizar os efeitos econômicos em razão da paralisação de atividades, como o pagamento de 600 reais para os chamados vulneráveis e a liberação de saque de 1.045 reais do FGTS.

Mais uma vez, durante o pronunciamento, houve panelaços pelo país.

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