Agentes do Metrô de SP explicam como assediadores agem

6 abr 2014 - 17h30
(atualizado às 17h31)
Vagão exclusivo para mulheres foi adotado em diversas cidades do País
Vagão exclusivo para mulheres foi adotado em diversas cidades do País
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Os “encoxadores” do metrô de São Paulo, homens que assediam sexualmente as passageiras nos vagões, têm em comum o modo de se vestir e de agir. Bermuda de tactel (um tecido muito fino), ausência de cueca, camiseta bem comprida e um agasalho colocado na frente do corpo. Eles entram e saem de várias filas na mesma plataforma de uma estação. Gostam de agir nos horários de pico e, às vezes, gastam horas escolhendo uma vítima distraída.

Em entrevista à Agência Brasil, agentes de segurança à paisana, funcionários do metrô que têm poder de polícia nos vagões e nas estações, contam como agem esses homens. Segundo os agentes, que não podem ter a identidade revelada, os abusadores “são sempre as mesmas pessoas”.

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“Eles encostam, passam as mãos nas mulheres e alguns colocam o pênis para fora. No aperto, não dá para ver”, disse um dos agentes. A Estação Brás, na Linha Vermelha do metrô, é uma das mais críticas. “No horário de pico, conseguimos identificar uns 30 molestadores por dia só nessa estação”, disse ele.

Cerca de 50 desses agentes trabalham todos os dias, em todos os horários de funcionamento do metrô. O grupo existe há oito anos e também combate furtos e outros crimes. Os delitos cometidos no metrô e nos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) são encaminhados à Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom), localizada no mezanino da Estação Palmeiras-Barra Funda do metrô, que funciona 24 horas por dia.

Alguns desses molestadores, contam os agentes, ejaculam nas vítimas. Eles envolvem o pênis com saco plástico, com gaze ou até mesmo com preservativo. Existem também os abusadores que se aproveitam de garotas menores de idade. “Uma vez pegamos o encoxador de uma garota de 12 anos e deu estupro de vulnerável”, contou.

A maioria deles, dizem os agentes, já foi pega mais de dez vezes. Porém, em 95% dos casos, eles apenas assinam um termo circunstanciado por importunação ofensiva ao pudor. “Eles assinam e dois meses depois estão de volta à ação”. Dos casos em que os agentes presenciam o assédio e orientam a mulher para ir a uma delegacia, apenas 20% registram o boletim de ocorrência. “A mulher não costuma ir para a delegacia, normalmente diz que está atrasada para o trabalho”, disse o agente.

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Além das “encoxadas”, as passageiras são assediadas por fotografias e filmagens. Os molestadores agem sempre da mesma forma, descreve o agente. Eles se abaixam e colocam o celular no chão para poder filmar por baixo das saias, enquanto fingem amarrar o sapato, ou então colocam a mochila com o celular no chão e se aproximam para filmar.

O verão é a época em que esses aproveitadores se proliferam, contou o agente. Segundo ele, a ousadia é tão grande que, há quatro anos, eles fizeram uma coletânea de vídeos com imagens de mulheres gravados no metrô. O grupo chamado Vampiros do Metrô vendia as cópias clandestinamente e chegou a ter 14 edições.

Agência Brasil
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