Rodoviários rejeitam proposta e greve geral continua em Porto Alegre

Mesmo com aval de líderes do sindicato pelo fim da paralisação, maioria se mostrou descontente com acordo; ônibus vão permanecer nas garagens

4 fev 2014 - 10h38
(atualizado às 11h58)
<p>Rodoviários decidiram rejeitar a proposta feita para tentar fazer voltar às ruas parte da frota de ônibus</p>
Rodoviários decidiram rejeitar a proposta feita para tentar fazer voltar às ruas parte da frota de ônibus
Foto: Guilherme Justino / Terra

Mobilizados desde cedo pela continuação da greve que já dura nove dias, os rodoviários rejeitaram nesta terça-feira a proposta feita ontem para tentar fazer voltar às ruas parte da frota de ônibus de Porto Alegre. Centenas de grevistas, muitos deles vestidos com os uniformes das empresas, se uniram em assembleia para decidir que não aceitariam os 7,5% de aumento salarial propostos em uma reunião que contou com representantes da categoria, empresários, prefeitura e a Justiça. Assim, a paralisação no transporte público continua na capital gaúcha.

"São os senhores que decidem qual vai ser o rumo dessa greve", afirmou Luís Afonso Martins, militante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e um dos líderes do movimento, recebendo em resposta os gritos de "greve! Greve!". A votação começou por volta das 10h, duas horas após o início previsto. O comando de greve reclamou do horário marcado para a assembleia, sugerindo que seria uma tentativa de desmobilizar os grevistas.

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RS: rodoviários decidem se dão fim à greve em Porto Alegre
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Mesmo antes de entrar no Ginásio Tesourinha, palco municipal da assembleia convocada para definir o futuro da greve, os rodoviários já indicavam que não aceitariam o acordo feito ontem. "7,5% é esmola" e "ei, comissão: 7,5% é exploração" estavam entre os gritos entoados pelos grevistas nesta manhã. Reunidos do lado de fora do ginásio, eles riam das propostas apresentadas no dia anterior e garantiam a continuidade da paralisação que afeta, todos os dias, a mobilidade de 1 milhão de pessoas.

Contentes com a adesão da categoria e com o impacto causado na locomoção das pessoas em Porto Alegre - o que, acreditam, gera apoio para a causa -, os rodoviários listavam, uma por uma, as empresas de ônibus afetadas. "A Carris parou! A Conorte parou! A Unisul parou!", gritavam, comemorando, até concluir que "Porto Alegre parou!". Eles deixavam claro, ainda, que os "patrões" não tinham poder ali. "Eu já falei, vou repetir: são os empregados que mandam aqui!".

"Não tem história: é greve até a vitória!", bradavam, em uníssono, os rodoviários nas arquibancadas do ginásio. Eles rejeitaram duas das três propostas firmadas no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) no dia anterior. O reajuste no valor do vale-alimentação foi aceito, mas a contribuição no plano de saúde por parte do funcionário e o aumento salarial de 7,5% foram rechaçados. Os grevistas voltaram a exigir a negociação daquela reivindicação que consideram "pauta máxima" da greve: a jornada de trabalho de 36 horas semanais. Os grevistas ainda querem participação no lucro das empresas, adicional por risco de vida e fim do banco de horas.

Ao fim da assembleia, integrantes do Movimento Independente Rodoviário (MIR) pediram aos grevistas que os acompanhassem em uma passeata em direção ao TRT. Alceu Weber, parte do comando da greve, sugeriu ainda que fosse mantida uma vigília de 24 horas até que as reivindicações da categoria sejam atendidas. "O desespero da patronal mostra que estamos no caminho certo, e a vitória não está longe", disse. Ao todo, 1.150 rodoviários, entre motoristas e cobradores, participaram da reunião.

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Como a greve continua, 100% dos ônibus permanecem parados nas garagens das empresas. Em função da negativa do acordo, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) definiu a continuidade do serviço de lotações, que podem circular nos corredores de ônibus, e também de vans escolares, com redução na tarifa, que passa a custar R$ 4. A EPTC acredita que aproximadamente 40% da frota de veículos escolares está atendendo a população, mas o número é muito aquém do necessário para a normalização do sistema de ônibus em Porto Alegre

Fonte: Terra
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