Funcionários de duas empresas do transporte coletivo protestaram na manhã desta sexta-feira fechando os principais acessos às vias de Campinas (SP), a 100 quilômetros de São Paulo. Hoje é o segundo dia da manifestação, mas ontem, o movimento atingiu apenas os usuários das linhas internas, que tiveram outras opções de transporte. Hoje, a interrupção afeta a circulação de coletivos de outras empresas e as avenidas por onde trafegam companhias intermunicipais, além de motoristas de carros de passeio.
Os veículos das empresas que saíram às ruas ficaram estacionados ao lado dos pontos de ônibus, um atrás do outro. De manhã, eram 283 coletivos parados e 75 mil usuários afetados, mas ao meio-dia, 517 urbanos deixaram de circular - ou seja, mais da metade, prejudicando 250 mil passageiros.
Ao todo, Campinas dispõe de 844 ônibus, de acordo com a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que gerencia a mobilidade na cidade. A paralisação afeta também 85 linhas intermunicipais.
O protesto prejudicou os usuários das rodovias. A AutoBan informou que houve pico de 11 quilômetros de congestionamento com reflexo para a Rodovia Dom Pedro I, e na Santos Dumont foram três quilômetros. Houve lentidão também na Rodovia Campinas - Monte Mor e acessos para Valinhos.
A Emdec informou que vai aplicar R$ 248,88 de multa por cada viagem não realizada. A paralisação dos motoristas e cobradores é contra o plano de saúde atual da categoria. Em uma reunião entre o sindicato e os empresários de ônibus, ficou decidido a troca do sistema. Não há informação se haverá uma assembleia para discutir se a paralisação continua ou seja interrompida. A categoria não protocolou pedido de greve.
Sem fiscalização
O protesto dos condutores do transporte coletivo coincide com a manifestação dos agentes de trânsito, conhecidos como "amarelinhos", que entram no quinto dia de greve. Eles são funcionários da Emdec - atuam na mobilidade urbana, fazem a fiscalização e aplicam multas. Os amarelinhos prometem retorno ao trabalho na próxima segunda-feira.
A Prefeitura de Campinas informou nesta sexta-feira que, diante da paralisação dos ônibus do transporte público na cidade, adotou cinco providências para garantir a mobilidade do trânsito. O prefeito Jonas Donizette acionou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para decidir sobre a manutenção de um percentual da frota circulando até a solução do conflito, haja vista a essencialidade do serviço.
A Emdec também acionou administrativamente as empresas para que a questão seja solucionada rapidamente. A medida implica autuação das empresas, com multa administrativa, por descumprimento de viagens - por cada viagem descumprida, a multa é de 100 UFICs (Unidade Fiscal de Campinas), o que totaliza R$ 248,88. As empresas já foram notificadas para que assegurem a manutenção da frota circulante, para não desassistirem a população.
Para dar fluidez ao trânsito, as obras da avenida Luis Smânio, importante via na região norte da cidade, foram suspensas. A medida será mantida até que o trânsito volte ao normal.
A prefeitura informou ainda, por meio da Emdec, que os agentes estão nas ruas priorizando o monitoramento e a orientação no trânsito, fazendo as ações necessárias para dar fluidez ao tráfego.
Por fim, o governo municipal disse que mantém contato com o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Campinas e Região e com o consórcio que gerencia as empresas de ônibus para que as duas partes entrem em acordo e solucionem o quanto antes o impasse.