Um grupo de manifestantes fechou duas faixas da marginal Tietê na manhã desta quarta-feira em um ato contra as notícias que apontam para a formação de cartel em obras do Metrô e da CPTM. Membros do Movimento de Levante Popular da Juventude e do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) seguiram pela pista sentido rodovia Ayrton Senna da marginal, na altura da ponte Atílio Fontana, por volta das 10h. Segundo a Polícia Militar, cerca de 400 pessoas participavam do ato. Já para os organizadores do protesto, mais de 1 mil manifestantes estariam na marcha.
A intenção, segundo os organizadores, seria prosseguir até as sedes das empresas Alston e da alemã Siemens, investigadas por participarem do esquema. O Movimento dos Atingidos por Barragens alega que o esquema de cartel está presente também em construções de barragens no Estado.
Com faixas, cartazes e carros de som, os manifestantes seguiram pela via. Viaturas da Polícia Militar acompanhavam o grupo no trajeto, que também era monitorado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). De acordo com o índice da companhia, às 11h eram registrados 5,4 quilômetros de congestionamento na pista local sentido Ayrton Senna, entre a ponte do Piqueri e a rodovia Castello Branco.
Uma hora após o início do protesto, os manifestantes chegaram ao prédio da Alstom. Na altura da ponte do Piqueri, o grupo bloqueou completamente a pista local da marginal Tietê, no sentido Ayrton Senna. Alguns manifestantes picharam a fachada da empresa, mas não foi registrado nenhum tipo de confronto.
Na frente da Alston, uma banda em cima de um trio elétrico cantou a música "Que País É Esse?", dos Titãs, fazendo com que os manifestantes se empolgassem ainda mais com o protesto. Por volta das 11h20, após picharem os muros da empresa e escreverem palavras de ordem no asfalto, os manifestantes deixaram a marginal Tietê e seguiram em direção ao prédio da Siemens, no mesmo complexo executivo da Alston.
Na porta da empresa alemã, os manifestantes deixaram sete cruzes de madeira que simbolizavam as sete pessoas que morreram nas obras da estação Pinheiros do metrô, em 2007. Após deixarem as cruzes no portão, um manifestante pintou os objetos de vermelho.
Octavio Fonseca Del Passo, coordenador estadual do Movimento de Levante Popular da Juventude, afirmou que é preciso denunciar os envolvidos no esquema de cartel
"Os principais envolvidos são os donos do capital, então queremos denunciá-los. Achamos que eles controlam a economia, por exemplo, a questão do metrô, que envolve milhões de reais todos os anos. E o governo fica preso na mão desse capital. O neoliberalismo tirou o poder do investimento do Estado e fez o governo de refém", disse um dos líderes do grupo.
Já para Robson Formica, coordenador do MAB, os interesses dos políticos e das empresas ultrapassam todos os limites. "O grande problema são as grandes emrpesas e os políticos que operam os interesses e cobram uma parcela desses interesses. Dois terços do Congresso Nacional são formados por setores amarrados a isso. Exigimos que sejam investigados todos os processos de denúncia envolvendo a formação dos cartéis, principalmente na questão do metrô, mas também essa formação de cartel se manifesta na questão de usinas hidrelétricas", explicou.