Um terreno da Universidade de São Paulo (USP) na zona oeste da capital paulista, ao lado do Hospital Universitário, foi ocupado nesta segunda-feira por cerca de 300 famílias, próximo do portão 3 de instituição. Os invasores derrubaram parte dos muros que cercam o terreno e estão levantando acampamento com barracas de lona e plástico, desde domingo.
Os participantes da invasão são moradores de comunidades vizinhas à USP – como a favela São Remo, Jardim Bonfiglioli e Jaguaré – e não integram diretamente de nenhum movimento social. Segundo uma das coordenadoras da ocupação, que só quis se identificar como Maiara, o grupo pretende, com a ação, que o terreno seja destinado a algum projeto de moradia popular.
“O terreno está abandonado há mais de 20 anos. Se for para fazer um loteamento, a gente pode pagar por mês como se fosse o [programa] Minha Casa Minha Vida, ou como se fosse um CDHU [conjuntos habitacionais populares da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo]; nós estamos abertos”, justificou Maiara.
Ela disse que o terreno está sendo usado como local de consumo de drogas e de armazenagem de produtos de furtos e roubos. Segundo ela, nenhuma das pessoas que ocupam o local recebeu qualquer tipo de notificação.
“Vim tentar uma casa, eu minha filha e minhas duas netinhas. Sou viúva. Consegui aqui um barraquinho para a gente. Eu espero que façam uma coisa decente, sem bagunça. A gente está aqui debaixo de lona porque precisa; não precisasse, não estava”, disse Cirlene Araújo dos Santos, ex-moradora da favela São Remo.
A assessoria de imprensa da reitoria da USP disse que o terreno pertence à instituição e que a universidade está tomando as medidas cabíveis.