A vacinação contra covid-19 no Brasil começará em janeiro e a cidade de Manaus, que novamente sofre com aumento no número de casos, mortes e lotação de leitos, será prioridade na campanha nacional de imunização contra a doença, disse nesta quarta-feira o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Assim como aconteceu no início da pandemia, em abril, o Estado do Amazonas, e especialmente a capital Manaus, voltou a registrar crescimento nos indicadores da pandemia, o que fez com que Pazuello e membros da equipe do Ministério da Saúde fossem à cidade para prestar auxílio no combate à pandemia.
"Vamos vacinar em janeiro e Manaus será também a primeira a ser vacinada. Fui claro? Ninguém receberá a vacina antes de Manaus", disse o ministro em pronunciamento à imprensa.
"A vacina será distribuída simultaneamente em todos os Estados na sua proporção de população, e Manaus terá essa prioridade também."
O ministro declarou que a capital do Amazonas é "prioridade nacional neste momento" e se comprometeu com a abertura de novos leitos para o tratamento de covid, assim como envio de equipamentos e contratação de profissionais de saúde custeados pela pasta.
De acordo com dados da Secretaria de Saúde do Amazonas, atualizados na segunda-feira, o Estado tem 216.112 casos confirmados da doença, além de 5.756 mortes provocadas pela covid-19. A ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva era de 86,4% e de leitos clínicos para tratar a doença de 93,7%.
Só em Manaus, de acordo com órgão estadual, são 89.999 casos confirmados e 3.758 mortes.
A situação de quase colapso no sistema de saúde da cidade fez aumentar a necessidade da remoção de corpos de pessoas que morreram em suas casas.
Pressão política
Pazuello pediu que a população de Manaus obedeça às orientações de autoridades locais, como a do distanciamento social, para ajudar no combate à pandemia em Manaus, apesar de o presidente Jair Bolsonaro ser contra esse tipo de medida preconizada por especialistas de todo o mundo para frear a disseminação da doença.
O ministro também disse que, uma vez dado o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para as vacinas Oxford/AstraZeneca e CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac - que tiveram pedido de uso emergencial feitos respectivamente pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Instituto Butantan - a vacinação começará em poucos dias.
"Quando a Anvisa concluir sua análise de segurança e eficácia, três, quatro dias depois nós estamos distribuindo a vacina no Brasil", prometeu. O órgão regulador disse na véspera que decidirá sobre os pedidos no domingo.
Pazuello alertou que a situação não voltará ao normal logo após o início da vacinação. Ele também exaltou a expertise brasileira em imunizar a população e se queixou de pressões políticas envolvendo o tema.
"A vacina - e eu faço aqui o primeiro alerta-- ela induz a produção de anticorpos, essa á a função da vacina... Essa produção de anticorpos não é no dia seguinte... Não é tomar a vacina no dia 20 e no dia 22 estar na rua fazendo festa", disse.
"Nós somos o país que mais imuniza no mundo, sempre fomos. Nós temos o maior Programa Nacional de Imunização do mundo. Nós vacinamos 300 milhões de doses por ano e vamos fazer igual com a vacina contra covid-19. O resto é apenas pressão política, pressão partidária, pressão de bandeiras, pressão de interesses particulares."