Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o representante comercial da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, citou o Vaticano ao falar sobre entidades que teriam apoiado a negociação de imunizantes com o Ministério da Saúde.
A Davati entrou na mira da CPI após o policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que se apresenta como representante da empresa, ter revelado que, em fevereiro deste ano, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, pediu propina de US$1 por vacina em troca da assinatura de um contrato para compra dos imunizantes da AstraZeneca. Na ocasião, Dominghetti teria chegado até Carvalho ao lado do reverendo Amilton Gomes de Paula, líder da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), que teria tido o aval do governo para tratar da compra das 400 milhões de doses.
A menção ao Vaticano foi feita após a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) perguntar qual o interesse da Senah em vacinas.
Carvalho disse que fez essa pergunta a Dominguetti, que respondeu que a aquisição tinha apoio até do Vaticano. "Quando eu fiz essa pergunta, o Dominguetti me respondeu que a compra das vacinas teria sido apoiada pelo Vaticano", afirmou.
A senadora, por sua vez, perguntou se o reverendo é ligado à Igreja Católica e pediu mais explicações sobre a relação com o Vaticano. Na sequência, Carvalho mostrou um documento da Senah que tem um logotipo do Vaticano e da embaixada dos Estados Unidos. "Eu não vou saber esclarecer para a senhora, mas eu digo que este selo aqui é o selo do Vaticano", enfatizou ele.
O apoio da Santa Sé, porém, foi visto com desconfiança pelos senadores. Eliziane ressaltou que seria impossível o Vaticano ter conhecimento disso e pediu esclarecimentos em respeito à Igreja Católica.
"Espero que não queiram convocar o Papa", ironizou o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO).
Já o vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apontou que o documento tem o selo do governo dos Estados Unidos também, mas indicou que o uso dos logotipos não significam apoio dessas instituições à Senah.