O Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quinta-feira (7/11), por 6 votos a 5, que a prisão de pessoas condenadas pela Justiça só deve ocorrer após o esgotamento de todos os recursos possíveis — o chamado trânsito em julgado.
A decisão beneficia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — preso desde abril de 2018 —, que pode ser solto a qualquer momento. Além do ex-presidente, há outros 4.895 réus que poderiam potencialmente se beneficiar da mudança de entendimento do Supremo sobre prisão após condenação em segundo grau, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Poucos minutos após o fim do julgamento, o termo "Lula" passou a liderar o ranking dos temas mais falados no Twitter mundial.
Os principais jornais e veículos da imprensa internacional também noticiaram a decisão da corte ainda na noite da quinta-feira.
O Clarín, da Argentina, destacou entre as principais chamadas de seu site: "Decisão de corte do Brasil abre as portas para a liberação de Lula". O texto, assinado por Guido Nejamkis, correspondente do jornal no Brasil, destacou o julgamento da pauta no STF e o debate entre os ministros da corte.
Mas a reportagem também traz uma contextualização política: "Para a mudança de jurisprudência no tribunal, os vazamentos do (site) Intercept tiveram definitivamente um peso; eles mostraram também supostas manobras de juízes e promotores contra membros do Supremo Tribunal Federal. O ministro da Justiça e os promotores de Lava Jato negam a autenticidade dessas mensagens, mas (Gilmar) Mendes deixou clara sua influência (no julgamento)."
O jornal também publicou uma reportagem repercutindo fala do recém-eleito presidente da Argentina, Alberto Fernández, que comemorou no Twitter: "Valeu a pena a demanda de tantos!", escreveu, usando a hashtag #LulaLivreAmanhã!.
O jornal britânico The Guardian traz uma chamada na capa do site para a decisão do STF, destacando uma reportagem publicada pela agência de notícias Associated Press.
O texto lembra que Lula era "favorito para vencer as eleições presidenciais 2018", mas que sua condenção o impediu de concorrer.
Os jornais americanos The New York Times e The Washington Post também registraram a decisão do STF por meio de textos de agências de notícias, mas sem destaque em seus sites.
O jornal português O Público publicou, sem muito destaque em seu site, matéria intitulada "Supremo brasileiro anula prisão em segunda instância e Lula poderá ser libertado" — que destacou, além da perspectiva de soltura de Lula, que "38 condenados no âmbito da Lava-Jato, maior operação contra a corrupção no Brasil, serão beneficiados, segundo o Ministério Público Federal".
A decisão do STF - e seu impacto na possível soltura de Lula - também foi noticiada na França.
Segundo o Le Figaro, a libertação do ex-presidente pode "remodelar o xadrez político no Brasil, onde a oposição permanece inaudível desde a posse do presidente Bolsonaro em janeiro".
"O Partido dos Trabalhadores (PT) não enterrou seu líder histórico e ainda precisa de Lula, que mantém milhões de simpatizantes, principalmente no nordeste desfavorecido, e claramente não desistiu da luta política", escreveu o diário, com informações da agência de notícias AFP.
Já o Le Monde disse que a decisão do STF "não poderia ter sido melhor (para Lula)".
"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de obter uma vitória legal decisiva, que pode levar à sua rápida libertação", assinalou o diário.