O verde e o amarelo dos atos anti-Dilma de março e abril foram substituídos pelo preto em Curitiba, nesta sexta-feira, feriado pelo Dia do Trabalhador. Dessa vez, o protesto, de apoio a professores estaduais e contra a repressão policial da última quarta-feira, também não teve Hino Nacional: os coros, em sua maior parte, puxaram um “Fora Beto Richa” que se estendeu da Praça 19 de Dezembro, ponto de concentração, até o Centro Cívico, onde fica o palácio-sede do Governo, o Iguaçu. O secretário de Segurança Pública do Estado, o ex-delegado da Polícia Federal Fernando Francischini, também foi lembrado pelos manifestantes.
O sindicato dos professores estaduais do Paraná, a APP Sindicato, estimou em 10 mil pessoas o número de participantes; a Polícia Militar falou em cerca de 3 mil. O ato lembrou a violência de quarta-feira, quando professores da rede estadual, em greve, além de outros manifestantes, foram impedidos de entrar na Assembleia Legislativa para acompanhar a segunda votação do projeto que altera a previdência dos servidores estaduais.
Os 31 deputados que votaram a favor do projeto – encaminhado à Casa pelo governador Beto Richa (PSDB) – foram lembrados no ato: cada um teve a foto colada em uma cruz de madeira com a mensagem “Inimigo da Educação”; já os 20 parlamentares que votaram contra a proposta ganharam foto na cruz com a mensagem “Amigo da Educação”. Alguns participaram do ato, assim como membros de partidos de esquerda, como PSTU e PSOL.
Manifestantes entraram em "luto" após confronto desta semana
Foto: Janaina Garcia
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Caixão foi levado durante o ato desta sexta em Curitiba
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Manifestantes vestiram preto em passeata em Curitiba
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Mensagem contra o governador do Paraná, Beto Richa
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"Luto pela democracia" foi o mote do ato
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Deputados estaduais que votaram a favor de mudanças na Previdência dos servidores foram lembrados
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Manifestantes protestaram contra a violência da PM sobre professores
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Manifestantes jogaram tinta vermelha em fonte no centro de Curitiba
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Bandeira do Paraná foi manchada com tinta vermelha
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Bandeira do Paraná foi manchada com tinta vermelha
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Bandeira do Paraná foi manchada com tinta vermelha
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Manifestante segura cruz com os dizeres "menos bala, mais giz" durante ato em Curitiba
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Manifestantes puseram tinta vermelha em um espelho d’água em frente ao Palácio Iguaçu para lembrar dos feridos do dia 29
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Ainda em frente ao palácio, o grupo baixou as bandeiras do Brasil e do Paraná
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Ato de apoio a professores estaduais e contra a repressão policial aconteceu nesta sexta-feira na capital paranaense
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Manifestantes marcharam da Praça 19 de Dezembro até o Centro Cívico, onde fica a sede do governo
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De luto, manifestantes protestam por professores no PR
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Entre as lideranças partidárias estava a ex-deputada federal e ex-candidata à Presidência Luciana Genro, uma das mais assediadas em pedidos de fotos e selfies por parte dos manifestantes. Para ela, Richa “não tem mais condições de continuar à frente governo do Paraná”. “Um governo que precisa cercar a Assembleia Legislativa não tem mais hegemonia política na sociedade; precisa da força bruta.
Queremos a apuração da violência policial e a punição de todos os envolvidos dos excessos terríveis que foram cometidos”, definiu. O que significa o não ter mais condições políticas? “O povo do Paraná que deve decidir o que fazer. Nós temos esse diagnóstico político, porque usar a violação dos direitos humanos contra os professores agride o conjunto da sociedade paranaense”, concluiu.
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No meio dos manifestantes, havia inclusive eleitores de Richa que protestaram contra a corrupção no governo federal, de verde e amarelo, nos atos realizados em várias capitais e outras cidades brasileiras nos dias 15 de março e 12 de abril deste ano. Um desses casos é o do casal Milton Markie, 39 anos, e Ana Neri, de 33, respectivamente ferramenteiro e autônoma. Eleitores de Richa em outubro passado, eles têm parentes professores e contaram ter ficado “indignados” com as cenas de violência de quarta passada.
“Minha irmã e meu cunhado são professores. Nossa indignação contra governo corrupto não é de hoje; votei no Beto Richa e me arrependo bastante. Porque hoje vejo que ele mentiu na campanha, e eu aprendi que a mentira é o pai do diabo”, afirmou Markie, que disse ter ido aos dois protestos recentes “com camisa da seleção e tudo”. “Os protestos passados foram sérios, mas este de hoje tem um sabor diferente, mais amargo. Colocar Tropa de Choque para cima de professor é covardia – que arma pode ter um professor? Além do mais, entendi isso como uma retirada do direito nosso de ir e vir. É muita indignação”, constatou.
Em frente à Assembleia, dirigentes da APP chamaram os manifestantes para outro ato, marcado para a próxima terça-feira, e que deve acontecer em outras cidades brasileiras. “Esse foi um 1º de Maio histórico – lutamos contra a perda de direitos dos trabalhadores”, afirmou Hermes Leão, presidente do sindicato. “Esse governo ditador feriu de morte os trabalhadores; o que vimos foi um massacre contra pessoas desarmadas”, completou.
Leão lembrou do apoio que a categoria vem recebendo de entidades de defesa dos direitos humanos nacionais e “até da imprensa internacional” e reforçou o pedido para que os casos de agressões sejam denunciados. O trabalho de apuração é feito pelo Ministério Público estadual, que instaurou procedimento criminal no mesmo dia do protesto.
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Em agosto de 1988, outra manifestação de professores grevistas terminaria em violência: homens da Tropa de Choque sob então governo do hoje senador Alvaro Dias (PSDB) avançaram sobre os professores e ao menos dez se feriram. No ato de quarta, foram mais de 200 pessoas feridas. Dias, no entanto, seguiu carreira política posterior no Senado, onde está, sucessivamente, desde 1999. O que faz os manifestantes pensarem que, no caso de Richa, o episódio terá consequências políticas distintas do outro tucano? “A gente não perde a esperança, e construir uma consciência política coletiva é fundamental. Claro, porém, que hoje as redes sociais ajudam muito mais a não deixar algumas coisas caírem no esquecimento”, analisou Tereza Lemos, dirigente estadual do sindicato.
No Palácio Iguaçu, onde ontem teve um protesto de estudantes secundaristas e universitários, a PM acompanhou de longe o ato do dia – com contingente bem mais reduzido que a da última semana. Ao menos 36 PMs ficaram em um hotel na vizinhança da sede do governo: a reportagem apurou que eles ficaram em 18 quartos e vieram de outras cidades do Estado em um micro-ônibus da PM, uma van e duas viaturas. O grupo foi embora ontem.
Ainda em frente ao palácio, os manifestantes baixaram as bandeiras do Brasil e do Paraná e puseram tinta vermelha em um espelho d’água do local para lembrar dos feridos do dia 29.
"Musa" da esquerda, Luciana Genro discursa contra Richa no PR
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PR: cinegrafista atacado por cão escapa da morte por 3 cm
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Colaborou com fotos para esta notícia o leitor Célio Borba, de Curitiba (PR), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui ou envie pelo aplicativo WhatsApp, disponível para smartphones, para o número +55 11 97493.4521.