Em vigor desde 2014, a Operação Lava Jato condenou e mandou para a prisão figuras importantes da política nacional, além de empresários, empreiteiros e ex-funcionários de empresas estatais. O maior volume de prisões saiu da 13ª Vara Criminal de Curitiba, onde o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, atuava.
Moro teve supostas conversas suas com procuradores da Lava Jato - entre eles o comandante da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol - vazadas e publicadas no último domingo, 9, pelo site The Intercept Brasil, que revela ter recebido o material por uma fonte anônima. O conteúdo das supostas mensagens sugerem que o então juiz e o Ministério Público Federal (MPF) trocavam informações e orientações sobre a operação.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso no dia 7 de abril de 2018, após ter a condenação - decretada por Moro na primeira instância - por corrupção passiva e lavagem de dinheiro confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF4). Além de Lula, nomes como o ex-deputado federal Eduardo Cunha e o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral também fazem parte dos presos pela operação. Só na primeira instância da força-tarefa do MPF de Curitiba, os números da Lava Jato apontam, até o momento, para 244 condenações contra 159 pessoas diferentes.
Relembre a seguir outros presos pela Lava Jato:
Eduardo Cunha (MDB)
O ex-presidente da Câmara dos Deputados e deputado cassado foi preso em outubro de 2016 após um pedido de prisão preventiva acatado por Sérgio Moro. Em março de 2017, foi condenado na primeira instância a 15 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas. A condenação é referente a uma ação penal em que o ex-deputado é acusado de receber uma propina de 1,3 milhão de francos suíços, fruto da compra de um campo de petróleo na África pela Petrobrás. Ele também é réu em outras ações penais.
Sérgio Cabral (MDB)
O ex-governador do Rio de Janeiro foi alvo de dois mandados de prisão em novembro de 2016, um no âmbito da Lava Jato em Curitiba e outro no âmbito da Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato no Rio. Cabral é apontado como chefe de uma organização criminosa que envolvia empreiteiros e políticos do alto escalão do governo do Estado do Rio de Janeiro. Preso atualmente no presídio de Bangu 8, Cabral já foi condenado em nove ações penais diferentes, somando 198 anos e seis meses de pena.
José Dirceu (PT)
José Dirceu foi condenado em maio de 2016 pelo então juiz Sergio Moro a 23 anos e 3 meses de prisão - posteriormente reduzida a 20 anos e 10 meses por ter mais de 70 anos - por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O ex-ministro da Casa Civil já havia sido condenado no processo do mensalão a 7 anos e 11 meses.
Segundo o Ministério Público Federal, Dirceu recebeu propinas do esquema de corrupção da Petrobrás entre 2004 e 2014. Em março de 2017, ele foi novamente condenado por Moro, desta vez a 11 anos e 3 meses por corrupção e lavagem de dinheiro. Solto desde junho de 2018 por ter tido um recurso acatado pelo STF, voltou à prisão em maio de 2019 após determinação do TRF4 no âmbito de sua segunda condenação na Lava Jato.
Luiz Fernando Pezão (MDB)
No dia 29 de novembro de 2018, Pezão teve um mandado de prisão preventiva contra ele cumprido pela Polícia Federal no âmbito da Operação Boca de Lobo, baseada na delação de um dos operadores financeiros do esquema de corrupção comandado por Sérgio Cabral. Pezão, que está preso no Batalhão Especial Prisional (BEP) da Polícia Militar, em Niterói, se tornou o quarto governador eleito do Rio a ser preso, o primeiro ainda no exercício do mandato.
Geddel Vieira Lima
O ex-ministro do governo de Michel Temer está preso no Complexo Penitenciário da Papuda desde setembro de 2017. Ele é réu no STF em denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República que trata do caso em que foram encontrados R$ 51 milhões em um bunker de Geddel em Salvador. Segundo o Ministério Público Federal, esse dinheiro teria origem em propinas da Odebrecht, repassadas pelo doleiro Lúcio Funaro e por políticos do MDB.