Aeronaves participam de operação conjunta da Otan no Báltico e abordaram avião russo após ele não responder a contatos quando sobrevoava o espaço aéreo da Estônia.Um caça alemão e um britânico interceptaram conjuntamente um avião russo perto do espaço aéreo da Estônia, numa operação coordenada pela Otan, informou nesta quarta-feira (15/03) o Ministério da Defesa do Reino Unido.
O caça Typhoon da força aérea britânica (Royal Air Force, RAF) colaborou com o Eurofighter da força aérea alemã (Luftwaffe) para "escoltar" uma aeronave russa de reabastecimento depois que ela não respondeu às comunicações do controle de tráfego aéreo. Os dois caças são do mesmo modelo, mas têm nomenclaturas diferentes em cada um dos países.
"Ambas as aeronaves correram para escoltar o IL78 Midas, que estava na rota entre São Petersburgo e Kaliningrado, depois que ele falhou em se comunicar com o controle de tráfego aéreo na Estônia", disse a nota publicada no site da Defesa britânica.
De acordo com a nota, após uma "identificação visual e escolta bem-sucedidas", os dois caças "foram realocados para interceptar um avião AN148, que também estava passando pelo espaço aéreo da Estônia".
Tanto a RAF quanto a Luftwaffe realizam atualmente a missão Quick Reaction Alert, um monitoramento aéreo conjunto da Otan que é novidade para ambos os aliados. Desta forma, a interceptação foi uma tarefa de rotina para os caças, de forma a garantir que "o Reino Unido e a Alemanha, juntamente com outros aliados da Otan, fiquem ao lado de seu aliado estoniano neste momento tenso", explica o texto da defesa britânica.
"A Otan continua a formar a base de nossa segurança coletiva. Esta implantação conjunta do Reino Unido e da Alemanha no Báltico demonstra claramente nossa determinação coletiva, ao mesmo tempo em que demonstra nossa força combinada", disse o ministro britânico das Forças Armadas, James Heappey.
Estônia, Letônia e Lituânia, três ex-repúblicas soviéticas, são membros da Otan, mas não possuem defesas aéreas próprias. Por essa razão, a aliança atlântica protege seus espaços aéreos desde 2004, em um esquema de rodízio. Para isso, são usadas as bases em Ämari, na Estônia, e em Siauliai, na Lituânia.
Até o final de março, a missão de monitoramento do espaço aéreo do Báltico está sendo liderada pela Luftwaffe e, em abril, passará para a liderança da RAF. As missões conjuntas do Quick Reaction Alert, por sua vez, ocorrem desde 6 de março e seguem até o final de abril.
Desde agosto, 27 alertas
De acordo com a Luftwaffe, desde agosto de 2022, quando a Alemanha assumiu o monitoramento da região dos países bálticos, caças alemães estacionados no flanco leste da Otan foram acionados 27 vezes após serem alertados sobre aeronaves desconhecidas.
Durante as operações, as forças alemãs identificaram aeronaves militares russas sobre o Mar Báltico, disse um porta-voz à agência de notícias alemã DPA. Os Eurofighters são alertados quando aeronaves desconhecidas se aproximam do espaço aéreo do Báltico sem um sinal de transponder ou contato de rádio.
Mais de 150 soldados alemães estão estacionados na Estônia depois que a França repassou a missão de policiamento aéreo para a Luftwaffe.
Presidente alemão é "interceptado"
Nesta quarta-feira, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, visita a Estônia para saber mais sobre a missão alemã. E ele teve uma primeira impressão sobre a vigilância germano-britânica antes mesmo de pousar na base aérea de Ämari.
O Airbus A319 que levou o presidente de Berlim para a Estônia foi "interceptado" por um esquadrão no espaço aéreo do estado báltico. Os caças alemão e britânico se "colaram" à asa direita do Airbus e o escoltaram até o pouso.
Mas não havia motivo para preocupação: era apenas um exercício. Como as forças aéreas que operam em conjunto precisam completar dois alertas de treinamento por dia, eles simplesmente praticaram com a aeronave de Steinmeier, fazendo uma simulação, como se ela não estivesse autorizada para sobrevoar o território.
le/md (DPA, ots)