No primeiro dia de julgamento dos acusados pela execução de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, a mãe da vereadora, Marinete Silva, emocionou o Tribunal ao compartilhar o impacto devastador do assassinato de sua filha. “Não tem como definir o que passei nesses anos”, desabafou Marinete nesta quarta-feira, 30, ao relatar a experiência de perder a filha em 2018.
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Seis anos após o crime, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de serem os responsáveis pelo ataque, enfrentam o júri popular.
Marinete, a segunda testemunha de acusação a depor, destacou a personalidade comprometida e generosa da filha, que, segundo ela, era dedicada à família e à luta por justiça social. “Tiraram um pedaço de mim. Cada vez que dói, dói muito”, afirmou. A primeira pessoa a falar foi Fernanda Chaves, ex-assessora da Marielle e sobrevivente do crime.
Em um momento do depoimento, Marinete relatou como chegou a enviar uma mensagem para o celular da filha dias após o crime, em um gesto desesperado. “Minha filha! O que fizeram com você?”, escreveu, descrevendo a experiência como um “delírio de uma mãe” que não conseguia aceitar a perda.
Além de enfrentar a dor da ausência, Marinete contou que a família foi alvo de ofensas após o assassinato, mas ressaltou a integridade de Marielle, que, desde jovem, contribuiu significativamente para a casa. A ex-vereadora, que foi mãe aos 19 anos e cuidava da irmã Anielle Franco, hoje ministra da Igualdade Racial, também se tornou uma referência na defesa dos direitos humanos e contra a violência de Estado.
O julgamento, com Lessa e Queiroz sendo ouvidos por videoconferência, conta com sete jurados sorteados de um grupo de 21 pessoas, que permanecerão em isolamento durante todo o processo.