O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) usou as redes sociais nesta sexta-feira, 3, para criticar o vice-presidente, Hamilton Mourão. O motivo do ataque foi uma reunião de Mourão com governadores da Amazônia Legal que só ocorreu graças a decisões do próprio pai de Carlos, o presidente Jair Bolsonaro.
A reunião, da qual participaram os governadores dos nove Estados da Amazônia Legal, ocorreu na manhã de quinta-feira, 2, conforme consta da agenda de Mourão, e tinha como objetivo discutir detalhes sobre o funcionamento do Conselho da Amazônia, reimplantado por Bolsonaro em fevereiro deste ano como resposta às críticas sofridas em âmbito nacional e internacional por conta das queimadas na região.
Por ordem do próprio Bolsonaro, o conselho passou a ser subordinado à vice-presidência - antes era ligado ao Ministério do Meio Ambiente. A partir da decisão do presidente, Mourão passou a ouvir os governadores da região. O motivo do ataque de Carlos contra o vice foi uma mensagem postada pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
"Tivemos uma reunião com diálogo técnico, respeitoso, sensato. Claro que Mourão não é do meu campo ideológico. Mas, se Bolsonaro entregar o governo para ele, o Brasil chegará em 2022 em melhores condições", escreveu o governador.
Dino e outros líderes de esquerda como Fernando Haddad, Ciro Gomes e Guilherme Boulos assinaram, no início da semana, um manifesto pedindo a renúncia de Bolsonaro em face das atitudes tomadas pelo presidente com a pandemia do coronavírus.
No início da noite desta sexta-feira, Carlos foi para cima do vice citando a mensagem de Dino. "O que leva o vice-presidente da república a se reunir com o maior opositor SOCIALISTA do governo, que se mostra diariamente com atitudes completamente na contramão de seu presidente?", escreveu o vereador.
O que leva o vice-presidente da república se reunir com o maior opositor SOCIALISTA do governo, que se mostra diariamente com atitudes totalmente na contramão de seu Presidente? pic.twitter.com/xCIC3S88RM
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) April 3, 2020
A mensagem teve milhares de curtidas e compartilhamentos e viralizou nas redes sociais. Embora exerça mandato no Rio, Carlos tem desde o início desta semana ocupado uma sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, junto a outros integrantes do chamado "Gabinete do ódio", grupo de assessores que cuida das redes sociais do governo e estimula Bolsonaro a adotar um tom beligerante diante da pandemia.
Ao Estado, na noite desta sexta-feira, Dino respondeu à pergunta de Carlos. "O que levou Mourão a se reunir conosco foi uma ordem do próprio pai dele, o presidente Bolsonaro. A reunião foi com todos governadores da Amazônia Legal. Mourão é o presidente do Conselho da Amazônia", disse o governador do Maranhão.
Segundo Dino, o episódio é revelador do grau de divisão que ocorre dentro do governo em meio a uma crise sem precedentes na história do Brasil.
"Além do aspecto anedótico, o episódio é revelador do nível de desagregação deste governo. Mostra a desconfiança deles. É Bolsonaro e os filhos contra o resto do mundo. Ministros, governadores, imprensa e até o vice, todos são tratados como inimigos", disse Dino. "Se estivéssemos voando em céu de brigadeiro isso poderia ser relevado. Mas estamos no meio do que pode ser a maior crise da história do Brasil", completou o governador.