Caso Marielle: delegado escreveu bilhete pedindo para ser ouvido pela PF 'por misericórdia'

Rivaldo Barbosa, investigado por ter planejado o assassinato da vereadora, motivou pedido do ministro Alexandre de Moraes

28 mai 2024 - 14h40
(atualizado às 15h18)
Rivaldo Barbosa é investigado por planejar o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018
Rivaldo Barbosa é investigado por planejar o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018
Foto: Reprodução/Fernando Frazão/Agência Brasil

Um bilhete escrito à mão pelo delegado Rivaldo Barbosa, investigado por planejar o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018, foi determinante para que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinasse que a Polícia Federal (PF) ouça o suspeito. Segundo a CNN Brasil, Barbosa escreveu no bilhete: “Por misericórdia, faça a polícia me ouvir”. A PF tem até cinco dias para realizar o depoimento.  

A defesa do suspeito alega que ele ainda não foi ouvido pelos investigadores da PF desde o dia 24 de março. Assim, eles pedem a reversão da prisão para que ele responda em liberdade provisória, com uso de tornozeleira eletrônica e medidas cautelares.

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Moraes nega soltura de delegado

No dia 18 de maio, Alexandre Moraes negou o pedido da defesa de Rivaldo Barbosa e manteve o réu em prisão preventiva. A decisão do magistrado está em conformidade com a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que alegou que a "prisão deve ser mantida, pois Rivaldo Barbosa não apresentou nenhuma mudança fatídica ou jurídica apta a alterar o panorama da decisão judicial que deferiu a custódia máxima".

O órgão também argumentou que, além de o acusado ter ajudado a planejar o crime, ele "empreendeu esforços a fim de evitar o avanço da investigação" e, se liberto, pode voltar a atrapalhar o processo penal e recorrer a 'contatos' na milícia.

"Importante ressaltar, ainda, que, segundo apurado, Rivaldo mantém relações ilícitas com os principais milicianos e contraventores do Estado do Rio de Janeiro. Sua libertação, aliada ao poderio econômico de que dispõe e dos contatos com as redes ilícitas existentes no Município do Rio de Janeiro, poderá frustrar a própria aplicação da lei penal e comprometer a instrução criminal", diz a PGR.

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Delegado investigado por morte de Marielle Franco escreveu livro sobre o crime Delegado investigado por morte de Marielle Franco escreveu livro sobre o crime

Por que Marielle foi morta?

As investigações indicam que o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, após uma "descontrolada reação" de Chiquinho Brazão devido à participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016. 

A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão quando ainda era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. 

A presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Na região, em sua grande parte dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.

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Também foram identificados diversos indícios do envolvimento dos Brazão com atividades criminosas, incluindo as relacionadas com milícias e 'grilagem' de terras. Ficou, então, delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização funciária e defesa do direito à moradia. No caso, Marielle queria utilizar esses territórios para fins sociais e a construção de moradias populares. *Com informações de Estadão Conteúdo.

Fonte: Redação Terra
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