Um celular foi encontrado na cela da pastora e ex-deputada federal Flordelis, no presídio de Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ela segue presa enquanto aguarda o julgamento pelo assasinato do marido, o pastor Anderson do Carmo.
O aparelho foi achado pelos agentes penitenciários no dia 11 de maio. Flordelis, que é acusada de ser a mandante do crime, confirmou que o telefone era usado para falar com o atual namorado.
Ao Terra, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) disse que, após a infração disciplinar, Flordelis foi transferida para uma cela isolada. A punição,no entanto, foi suspensa por recomendação médica.
Procurada pelo Terra, a defesa de Flordelis se manifestou por meio de nota e negou as acusações. Uma investigação foi iniciada para apurar como o telefone chegou até ela.
Veja a nota na íntegra:
"Em maio deste ano foi introduzido tal aparelho na cela da pastora e lá ficou por 18 dias sem ser por esta usado apesar da insistência de outras presas que o usavam com a conivência de algumas guardas. No dia em que Flordelis o usou, por uma única vez, imediatamente ocorreu uma vistoria na cela e esta foi conduzida à presença da diretora da unidade da época, que à noite, sem a presença de advogados, tomou seu depoimento onde Flordelis assumiu que o usou por apenas esta vez.
A partir daí, esse procedimento passou a ser usado como objeto de chantagens e ameaças, onde a vida e a incolumidade física da pastora e das filhas foram pautadas.
Em 04/06, durante um encontro em sala especial com Flordelis para preparação do Júri que ocorreria naquela semana, essas ameaças foram descobertas.
Nossa orientação foi de que não deveria aceitar as chantagens, não fazer nenhum pagamento e sim denunciar as/os agentes públicos e as internas envolvidas nas ameaças e assédios. A pastora, com muito medo, se recusou a dar os nomes e permitir uma denúncia formal.
A despeito disso, a defesa procurou a diretora da unidade e, em função de sua ausência no dia, falou com a subdiretora, que nos comunicou que a Corregedoria da SEAP já teria sido acionada e que o problema seria sanado. Cobramos a abertura formal do PAD (Processo Administrativo Disciplinar) que até aquele dia se encontrava irregular, não constando no sistema como era o correto, o que dias depois aconteceu sendo esta defesa notificada a acompanhar.
Tentamos ainda denunciar e acionar vários meios de imprensa.
Mas o que a defesa teve conhecimento apenas neste último mês é que essas ameaças acabaram levando a pastora a ceder ao medo e pedir a família que pagasse aos criminosos, no entanto estes, mesmo recebendo, aumentaram as ameaças de forma a impor que a pastora não voltasse da visita com a filha, na última semana, sem dinheiro ou iria "apanhar", o que a levou a tentar entrar irregularmente com R$ 75 para fugir das represálias. Esse novo episódio é usado mais uma vez para a continuidade das chantagens.
De pleno conhecimento desses fatos e agora também com os nomes dos criminosos e outras provas do que aqui relata, a defesa tomou a iniciativa de acionar as autoridades competentes: Juiz Corregedor responsável pela Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro, a Coordenadoria Responsável pelos Presídios Femininos, bem como a Polícia Civil do Estado, a fim de que tudo seja apurado.
A defesa tem em posse os nomes dos envolvidos, o Pix com o CPF de quem recebeu a propina, os comprovantes de depósito, prints com jornalistas trocados à época buscando que a imprensa noticiasse.
Ao contrário do que está exposto no dia de hoje e servindo como base para a acusação pedir duras medidas contra ela, a pastora Flordelis é vítima dessa trama e provará através dos canais competentes que mais uma vez é criminalizada e exposta por coisas que efetivamente não fez."