Alexandre de Moraes não é mais do TSE e não trocou urnas; vídeo mostra ministro votando em SP

Conteúdo mente ao dizer que ministro autorizou a troca de 48 urnas eletrônicas de última hora “para prejudicar Marçal e favorecer Boulos”

16 out 2024 - 15h40
(atualizado às 16h00)
Resumo
FALSO - É mentirosa a afirmação de que o ministro Alexandre de Moraes ordenou a troca de 48 urnas eletrônicas na cidade de São Paulo de última hora para prejudicar Pablo Marçal (PRTB) e favorecer Guilherme Boulos (PSOL) durante votação do primeiro turno das eleições municipais de 2024. Além de não haver nenhuma evidência disso, o magistrado deixou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em maio e não tem mais nenhuma ligação com a Corte. O post mentiroso usa vídeo de Moraes indo votar neste ano, em uma escola em São Paulo.
Conteúdo falso foi publicado no Telegram
Conteúdo falso foi publicado no Telegram
Foto: Reprodução/Projeto Comprova

Conteúdo investigado: Um vídeo mostra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votando. A legenda da postagem afirma que ele teria ordenado a troca de urnas na cidade de São Paulo para favorecer o candidato Guilherme Boulos em detrimento de Pablo Marçal.

Onde foi publicado: Telegram.

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Conclusão do Comprova: É falso que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, tenha autorizado a troca de 48 urnas eletrônicas de última hora “para prejudicar Marçal e favorecer Boulos”, como aponta a legenda de um vídeo que mostra a chegada do magistrado para votar em São Paulo. Apesar de as imagens serem verdadeiras, conforme registrou o site Metrópoles, a legenda do conteúdo mente ao fazer tal afirmação. Moraes, que assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em agosto de 2022, deixou a Corte em maio deste ano. Ele não tem, portanto, nenhuma ligação com a Justiça Eleitoral e não há qualquer evidência de que ele tenha ordenado a troca de aparelhos. A ministra Cármen Lúcia é a atual presidente da Corte eleitoral.

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), durante o primeiro turno das eleições de 2024, 160 urnas foram substituídas na capital paulista – o equivalente a 0,6% do total de 26.553 urnas do Estado – depois que foram identificados problemas técnicos. Segundo o TRE-SP, as trocas foram autorizadas e realizadas pelo cartório eleitoral responsável pela seção onde as máquinas apresentaram defeito.

“A troca é realizada quando é detectado defeito na urna utilizada na seção eleitoral. Caso outros procedimentos não sejam suficientes para que a máquina volte a funcionar, ela é substituída por uma urna de contingência, que já foi previamente preparada pelo cartório eleitoral e, ao ser ligada, grava os dados da votação contidos no cartão de memória da urna substituída”, afirmou o TRE em nota enviada ao Comprova.

Desta maneira, informou o tribunal, “os votos dos eleitores que já haviam votado na urna com defeito são recuperados com total segurança, podendo-se dar continuidade ao pleito”. Os procedimentos a que se refere o TRE-SP estão determinados na Resolução nº 23.736, de fevereiro deste ano, do TSE. Ainda segundo o TRE, “todo procedimento relativo à substituição de urna é relatado pelo presidente da seção eleitoral em ata que será remetida à junta apuradora ao final da votação”.

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Em seu site, o TSE aponta que as urnas utilizam tecnologias de criptografia, assinatura digital e resumo digital. Isso serve para garantir que apenas o software desenvolvido pelo TSE – gerado durante a Cerimônia de Lacração dos Sistemas Eleitorais – pode ser executado nos aparelhos certificados pela Justiça Eleitoral. Qualquer tentativa de mudança no sistema bloqueia o funcionamento da urna.

O vídeo que circula no Telegram mostra a chegada de Alexandre de Moraes à votação e foi publicado originalmente pelo portal Metrópoles. No post que traz falsas informações, a legenda “Sem falar com a imprensa, Moraes vota em São Paulo” foi encoberta pelo texto mentiroso dizendo que o ministro autorizou a substituição das urnas para prejudicar Marçal e beneficiar Boulos. De acordo com o portal, o magistrado votou no final da manhã do domingo (6) em uma escola do Jardim Europa, na zona oeste de São Paulo. Em nenhum momento o veículo de comunicação mencionou a informação falsa que está sendo compartilhada.

Na corrida pela Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024, Boulos e Ricardo Nunes (MDB) levaram a melhor. Com 29,07% dos votos da capital, o psolista segue para o segundo turno com o emedebista, que teve 29,48% dos votos. Apesar do resultado apertado, Pablo Marçal, que atingiu 28,14% dos votos, ficou em terceiro lugar e deixou a corrida eleitoral no primeiro turno.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

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Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O conteúdo compartilhado em um canal do Telegram chegou à marca de 3 mil visualizações na terça-feira (15). O Comprova não conseguiu contatar o autor da publicação no Telegram, já que não havia espaço para o envio de mensagens.

Fontes que consultamos: Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e reportagem do Metrópoles.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O UOL e Aos Fatos também verificaram o conteúdo. As eleições são frequentemente alvo de desinformação. O Comprova, por exemplo, verificou que Boulos não ultrapassou Marçal na mesma hora em que Dilma e Lula dispararam contra adversários em 2014 e 2022. O projeto também checou uma publicação que enganou o leitor com a falsa informação de que Lula passou de 35,80% para 46% em um minuto durante a contagem dos votos das eleições presidenciais em 2022.

* Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada e mantida pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros --incluindo o Terra-- para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais.

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Fonte: Redação Terra
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