Governo federal não cortou R$ 5 bilhões de ajuda ao Rio Grande do Sul; valor ia para leilão de arroz

DIFERENÇA ENTRE VALORES DO 4º E DO 5º BIMESTRE SE DÁ POR PERDA DE EFICÁCIA DE CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO AUTORIZADO ESPECIFICAMENTE PARA IMPORTAÇÃO DE CEREAL, APÓS LEILÃO SER CANCELADO

9 dez 2024 - 12h42

O que estão compartilhando: que o governo federal cortou R$ 5 bilhões de ajuda prometida ao Rio Grande do Sul por conta das enchentes que atingiram o Estado nos meses de maio e junho deste ano.

Card ajuda ao RS
Card ajuda ao RS
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A diferença no valor dos créditos extraordinários concedidos ao Rio Grande do Sul entre o 4º e o 5º bimestre deste ano é de R$ 4,9 bilhões, mas isso não significa que o socorro ao Estado foi cortado.

Publicidade

O principal motivo do ajuste no valor foi a perda da vigência da medida provisória que autorizava um leilão para compra de arroz importado. Como o leilão foi cancelado e o recurso não poderia ser utilizado para outro fim, ele retornou aos cofres públicos.

Segundo o governo, esse procedimento "não impacta as ações em habitação, infraestrutura, saúde, educação ou nos auxílios às famílias atingidas pelas enchentes". A Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul informou que o governo federal destinou R$ 58,5 bilhões para atender as necessidades causadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

Saiba mais: Diferentes publicações nas redes sociais acusam o governo federal de ter cortado R$ 5 bilhões em ajuda prometida ao Rio Grande do Sul. Algumas das publicações mostram, junto com a alegação, uma foto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.

Outras acusam o governo de ter tirado verba destinada a atender demandas de habitação e infraestrutura após a catástrofe climática, o que não é verdade.

Publicidade

Dinheiro iria para leilão de arroz

O Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 4º bimestre de 2024, divulgado em setembro pelo Ministério do Planejamento e Orçamento aponta o montante de R$ 38,622 bilhões em créditos extraordinários autorizados pelo Legislativo para enfrentamento da calamidade pública no Rio Grande do Sul e suas consequências sociais e econômicas.

Já o relatório referente ao 5º bimestre, publicado em setembro, mostra um crédito extraordinário de valor menor: R$ 33,640 bilhões. A diferença é de R$ 4,982 bilhões. A planilha presente no relatório do 5º bimestre mostra que não houve diferença nos valores de outros itens, exceto nos créditos extraordinários.

O próprio relatório diz que a diferença decorre "do movimento combinado de redução das dotações não empenhadas de créditos extraordinários que tiveram perda de eficácia, em observância ao § 2º do art. 56 da LDO-2024, no montante de R$ 6.939,4 milhões, e ampliação de dotações, no montante de R$ 2.895,7 milhões, por meio de abertura de novos créditos extraordinários".

A perda de eficácia à qual o documento se refere é um crédito aberto especificamente para importação de arroz. Na época, o governo anunciou que compraria arroz importado e o venderia com o preço máximo de R$ 4 por quilo, em embalagens com a logomarca do governo federal.

Publicidade

O leilão, contudo, foi anulado, e como os recursos não poderiam ser usados para outros fins, o crédito perdeu a finalidade. Segundo o Ministério do Planejamento e Orçamento, toda a execução orçamentária referente à calamidade no Rio Grande do Sul pode ser acompanhada pelo Painel de Orçamento do governo, na aba "Calamidade Pública - RS", sem a necessidade de senha ou cadastro.

O Verifica desmentiu algumas publicações virais sobre o assunto. Veja abaixo.

Não, governo federal não vai importar arroz 'falso' da China

Não, arroz importado pelo governo federal não contém lombriga geneticamente modificada

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações