O que estão compartilhando: mapas que mostrariam a perda de representatividade da esquerda em Estados brasileiros nas eleições municipais de 2004 a 2020. Em cada mapa, partidos de esquerda — PT, PSOL e PCdoB — são representados pela cor vermelha, que diminui progressivamente ao longo dos anos.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Os anos acima dos mapas estão errados — na verdade, o vermelho representa os Estados em que o PT foi vitorioso no primeiro turno das eleições presidenciais de 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018. A versão original dos mapas foi publicada em uma matéria do portal iG em outubro de 2018, logo após o primeiro turno das eleições. O texto aborda o encolhimento do PT nas eleições presidenciais, não municipais.
Nas eleições municipais deste ano, o PT conquistou mais prefeituras do que no último pleito, em 2020, quando elegeu candidatos em 183 municípios, sendo nenhum deles uma capital. O saldo na eleição deste ano ficou em 252 prefeituras, sendo uma delas a de Fortaleza, capital do Ceará. Porém, é verdade que partidos de esquerda em geral tiveram saldo negativo (leia mais abaixo).
Saiba mais: publicada no Instagram na última segunda-feira, 28, a postagem engana ao exibir os mapas com os anos das eleições municipais acima de cada representação. Embora o post não forneça uma legenda explicativa para as cores utilizadas, a reportagem consultou o portal de Dados Abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para verificar os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais de 2002 a 2018, e identificou o significado de cada cor nos mapas.
O vermelho representa os candidatos que disputaram eleições pelo PT. Na postagem enganosa, o primeiro mapa corresponde, na verdade, ao resultado do primeiro turno das eleições de 2002, quando Lula venceu em 24 Estados. No Ceará, em amarelo, o vencedor foi Ciro Gomes; em Alagoas, azul, José Serra, que disputou o segundo turno com Lula; e no Rio de Janeiro, em verde, Anthony Garotinho.
O segundo mapa mostra o resultado do primeiro turno de 2006, onde a cor azul representa Geraldo Alckmin e a vermelha, Lula. O terceiro, referente à eleição de 2010, tem azul para José Serra, amarelo para Marina Silva no Distrito Federal e vermelho para Dilma. No quarto mapa, que exibe os resultados de 2014, azul é Aécio Neves, vermelho é Dilma e amarelo Marina Silva. Por fim, o quinto mapa apresenta os dados do primeiro turno de 2018, com azul para Jair Bolsonaro, vermelho para Fernando Haddad e amarelo para Ciro Gomes.
A imagem da postagem verificada apresenta baixa resolução, o que dificulta a visualização de algumas cores. Na versão original, publicada em uma matéria no portal iG, é possível observar melhor a representação das cores nos mapas.
Desempenho da esquerda nas eleições municipais
O resultado das eleições municipais deste ano indica uma perda de força da esquerda, que conquistou o menor número de prefeituras em 20 anos, de acordo com uma matéria publicada pelo site Congresso em Foco. Os partidos de esquerda (PT, PSB, PDT, PCdoB, PV, Rede e Psol) elegeram candidatos em 749 cidades, número inferior ao de 2020, quando conquistaram 852 prefeituras.
Apenas o PT e o PSB aumentaram o número de prefeituras em relação a 2020. Conforme a reportagem do Congresso em Foco, o PT passou de 181 para 252 prefeituras, mas ainda fica atrás do PSB, que passou de 252 para 309 candidatos eleitos. Em contrapartida, os demais partidos registraram perdas significativas. O PDT caiu de 314 para 151 prefeituras, o PCdoB reduziu sua representação de 46 para 19, o PV passou de 47 para 14, Rede caiu de 5 para 4 e o PSOL não conseguiu nenhuma prefeitura, após ter conquistado 5 em 2020.
Os partidos de centro foram os que mais conquistaram prefeituras nas eleições deste ano. O PSD, de Gilberto Kassab, destacou-se como o partido que mais elegeu prefeitos, obtendo a vitória em 887 cidades. Na sequência, o MDB conquistou 864 prefeituras, seguido pelo PP, que elegeu prefeitos em 752 municípios. Conforme mostrou o Estadão, prefeitos filiados a partidos de centro governarão 52% dos eleitores brasileiros a partir de 2025, o equivalente a 81 milhões de pessoas.