Após a nomeação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) à presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, também chamado de Banco dos Brics, usuários e parlamentares bolsonaristas ressuscitaram uma informação falsa que é usada para atacar a petista ao menos desde 2009. Em peças que acumulam 150 mil curtidas no Instagram e dezenas de milhares de compartilhamentos no Facebook e no Twitter, a ex-presidente é acusada de ter participado de um assalto a banco durante a ditadura civil-militar, o que é mentira.
"De assaltante de banco a diretora de banco", diz uma das publicações, em teor jocoso, que traz uma foto de Dilma sentada diante do Tribunal Militar da Ilhas das Flores, onde foi condenada por "subversão" em 1970. A imagem foi resgatada originalmente na biografia "A Vida Quer É Coragem" (Ed. Sextante), publicada em 2011 pelo jornalista Ricardo Amaral. Não há qualquer registro de que Dilma tenha participado ou sido julgada por um assalto a banco.
Original. Dilma foi condenada por subversão e ficou presa entre 1970 e 1972 (Reprodução/Memórias da Ditadura)
Desde 2009, publicações acusam Dilma de ter participado do assalto ao Banespa, ocorrido em outubro de 1968, quando ela tinha 20 anos de idade. Segundo relatos da imprensa da época, o roubo teria sido organizado por um grupo conhecido como Quadrilha da Metralhadora, cujos integrantes foram presos no mesmo ano. Em nenhum momento houve menção ao nome da petista e nem há indícios de que uma mulher tenha participado da ação criminosa.
Durante a ditadura, Dilma integrou organizações clandestinas que se opunham ao regime militar: ela participou do Colina (Comando de Libertação Nacional), que, em 1969, se uniu à VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) para criar a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Tanto a ex-presidente quanto ex-integrantes do movimento, no entanto, negam que ela tenha participado da luta armada.
"Cresceu na vida." Publicações como a do deputado Paulo Bilynskyj superam 200 mil interações nas redes (Reprodução/Instagram)
Condenada a seis anos e um mês de prisão pelo Tribunal Militar em 1970, Dilma foi torturada e teve os direitos políticos cassados. Ela foi libertada em 1972, após obter uma redução da pena junto ao STM (Superior Tribunal Militar).
Outro lado. A peça de desinformação foi compartilhada por parlamentares como o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) e o deputado estadual Ricardo Arruda (PL-PR). Contatados por Aos Fatos, os parlamentares não responderam até a publicação desta reportagem.