Não, Elon Musk não colocou mensagem satanista em robôs da Tesla

DIFERENTEMENTE DO QUE ALEGAM POSTAGENS NAS REDES SOCIAIS, REFERÊNCIAS IMPRESSAS EM CINTURÃO DE ANDROIDES SÃO AO ESTADO DO TEXAS, ONDE FICA A SEDE DA MONTADORA DE CARROS ELÉTRICOS

25 out 2024 - 16h45

O que estão compartilhando: que o bilionário Elon Musk colocou uma mensagem subliminar satanista nos robôs fabricados pela Tesla. Postagens nas redes sociais falam que o "vazamento" de "imagem oculta" traz referências diabólicas e ameaças à humanidade impressas no cinturão dos androides. A publicação tem mais de 25 mil curtidas no Facebook.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A imagem do robô Optimus mostrada no vídeo analisado não é secreta, nem foi "vazada". Desde que foi apresentado por Musk em outubro de 2022, esse novo modelo já exibia o citado cinturão. A engenhoca humanoide que o narrador diz ter encontrado em uma loja da Tesla em Miami, nos Estados Unidos, é um dos vários manequins que a fabricante espalhou por suas revendas de carros elétricos nos Estados Unidos, a partir de julho de 2023, para promover a criação. Porém, não são unidades funcionais, apenas maquetes dos modelos previstos para serem comercializados nos próximos anos.

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Quanto à "sombria mensagem subliminar" colocada no cinturão dos robôs, não há relação alguma com pentagramas satanistas e ciências ocultas. As estrelas com cinco pontas fazem referência à bandeira do Estado do Texas, sede da Tesla. Tampouco a letra T estilizada que é símbolo da montadora remete ao demônio Baphomet, criatura representada com cabeça de bode e corpo humano. Musk já explicou que o logotipo da Tesla remete ao corte transversal de um motor elétrico.

Saiba mais: o vídeo analisado também cita como exemplo de mensagem oculta no cinturão do robô a expressão "Don't mess with" ("Não mexa com"). A sugestão é que se trata de uma ameaça de Musk e seu futuro exército de robôs a quem se colocar no seu caminho e da Tesla. Nada disso. É outra referência ao Texas - apropria-se de um slogan que se tornou muito popular desde 1987, com a campanha publicitária "Don't mess with Texas", que tinha por objetivo impedir que motoristas jogassem lixo nas rodovias do Estado.

A associação do slogan famoso no Texas com a Tesla faz parte das controversas ações de marketing empenhadas por Musk. Fivelas de cinto iguais às colocadas nos robôs podem ser compradas no site da empresa.

Nem todos os novos robôs da Tesla são apresentados com o acessório. No evento que Musk conduziu no dia 10 de outubro na Califórnia para apresentar ao público externo o Optimus em ação e interação com humanos - e também o Tesla Cybercab, um táxi sem motorista previsto para ser lançado em 2026 -, as máquinas que desfilaram não exibiam o mesmo cinturão.

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Projeção futurista renova controvérsias envolvendo Elon Musk

O evento futurista desencadeou uma nova cota de controvérsias. Segundo reportou o Estadão Verifica, especialistas identificaram que algumas funcionalidades dos androides não foram autômatas, mas ativadas por controle remoto. A agência americana Bloomberg mostrou que a Tesla usou humanos para controlar remotamente muitas dessas interações. Isso não foi mencionado por Musk na apresentação dos protótipos. De acordo com fontes da agência, os robôs foram incluídos no programa com pouca antecedência e o software das máquinas movidas por inteligência artificial ainda não estaria pronto.

A festa tecnológica poderá levar o bilionário aos tribunais. A produtora Alcon Entertainment, responsável pelo filme de ficção científica Blade Runner 2049, lançado em 2017, entrou com um processo contra a Tesla, Musk e o estúdio Warner Bros por infração de direitos autorais. A Alcon alega que a apresentação da Tesla fez uso de conceitos visuais do filme e também reproduziu cenas com o uso de inteligência artificial. Tudo sem autorização.

Na ação judicial, protocolada no dia 21 de outubro em Los Angeles, a Alcon diz que Blade Runner 2049, estrelado por Ryan Gosling e Harrison Ford, "não tem nenhum tipo de afiliação com a Tesla, X, Musk ou qualquer empresa de propriedade de Musk, dado o comportamento maciçamente amplificado, altamente politizado, caprichoso e arbitrário de Musk, que às vezes se transforma em discurso de ódio".

Quem também acusa Elon Musk de se apropriar de ideias alheias em sua projeção futurista é Alex Proyas, diretor do filme Eu, Robô, de 2004, protagonizado por Will Smith. Em postagem na plataforma X, Proyas pediu que Musk "devolvesse" o design de seu longa-metragem. Ilustrou a queixa com imagens que comparam os robôs e veículos do filme com produtos da Tesla.

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