Plano de governo de Boulos não tem proposta para confisco de casas, ao contrário do que sugere post

POSTAGEM COMPARTILHA VÍDEO ANTIGO DO CANDIDATO A PREFEITO EM QUE ELE AFIRMA QUE CASAS VAZIAS DEVERIAM SER DESTINADAS PARA 'QUEM PRECISA'

23 ago 2024 - 17h31

O que estão compartilhando: vídeo em que o candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, fala diante de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). A legenda diz que, no vídeo, Boulos afirma que casa vazia será invadida, e alerta: "paulistano que tenha dois ou mais imóveis, prepare-se para perdê-lo(s)", numa referência a uma eventual eleição de Boulos em outubro.

Captura de tela da postagem verificada
Captura de tela da postagem verificada
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. No programa de governo do candidato à Prefeitura, não há iniciativa de confisco de imóveis, como faz crer a postagem. Boulos não diz textualmente no vídeo que "casa vazia será invadida". A fala dele é a seguinte: "No Brasil, tem mais casa vazia do que gente precisando de casa. Se fosse ver na prática, não precisava construir uma casa nova. Bastava pegar as que tem desocupadas, requalificar, reformar e destinar a quem precisa". Ele também afirma que o MTST deve "continuar ocupando terra sim, mas além de ocupar terra, nós queremos ocupar este poder".

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O Verifica não conseguiu identificar a data do vídeo, mas o contexto da fala indica que ela foi feita antes de Boulos entrar para a política, em 2018. O psolista deixou a liderança do MTST depois que se elegeu deputado federal, em 2022.

Saiba mais: o vídeo foi postado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e diversos outros perfis nas redes sociais. O Verifica procurou a assessoria de Bolsonaro, mas não teve resposta.

Na gravação, Boulos diz o seguinte:

"Se vierem questionar vocês do porquê que está ocupando. No Brasil, tem mais casa vazia do que gente precisando de casa. Se fosse ver na prática, não precisava construir uma casa nova. Bastava pegar as que tem desocupadas, requalificar, reformar e destinar a quem precisa. Agora, o MTST a vida toda ocupou terra lutando junto com quem precisa. Mas nós entendemos uma coisa, ocupar terra só não adianta. Nós precisamos ocupar as ruas e nós precisamos começar a ocupar o poder."

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Em seguida, Boulos fala sobre a necessidade de ingresso na política. Isso data o vídeo anteriormente a 2018, já que foi naquele ano que o ex-líder do MTST se filiou ao PSOL. Veja a transcrição do trecho abaixo:

"Porque se a gente deixa a política só pra eles, se a caneta tá na mão deles, a gente vai ter que tá todo momento correndo atrás pra ter o que é nosso. O movimento fez uma discussão nos 14 Estados que tá no Brasil todo e avaliou que era momento da gente dar um passo além. Continuar ocupando terra sim, mas além de ocupar terra, nós queremos ocupar este poder. Pra fazer de um jeito diferente deles, porque senão só vai ter a turma deles lá. Só fica eles. Já passou o tempo que a gente ia ficar correndo atrás pra eles assinarem. Agora nós queremos ter a caneta na mão pra gente assinar e fazer o que é nosso."

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Procurada, a assessoria de Boulos disse que "o vídeo foi obviamente descontextualizado para atacar a luta popular e legítima pelo direito à moradia". A equipe do candidato indicou que as imagens foram gravadas provavelmente antes de 2016. Tanto Boulos como o MTST já afirmaram anteriormente que o movimento ocupa apenas terrenos ociosos.

Programa de governo de Boulos não prevê confisco de imóveis

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No plano de governo de Boulos, que pode ser consultado no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não há menção à confisco de imóveis de paulistanos, como afirma a postagem enganosa. No tema "Habitação", o documento fala nas seguintes ações:

urbanização de favelas, com reformas em moradias precárias;construção de 50 mil unidades habitacionais de interesse social;programa de regularização fundiária em áreas periféricas;requalificação com retrofit de edifícios públicos abandonados para locação social e serviço social de moradia.

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