Postagem engana ao chamar Kamala Harris de 'desarmamentista'

CANDIDATA À ELEIÇÃO PELO PARTIDO DEMOCRATA QUER ESTABELECER REQUISITOS MAIS RÍGIDOS PARA A VENDA DE ALGUNS TIPOS DE ARMAS, MAS DEFENDE O DIREITO À POSSE DOS CIDADÃOS

27 set 2024 - 13h05

O que estão compartilhando: trecho de entrevista da vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris, candidata democrata na eleição presidencial, no qual ela diz ter uma arma e alerta: "Se alguém invadir minha casa, vai tomar um tiro! Talvez, não devia ter falado isso... Mas, minha equipe que lide com isso depois". Legenda sobreposta ao vídeo alega que ela é desarmamentista.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque a postagem distorce o posicionamento de Kamala sobre o assunto. Há registros de declarações públicas em que ela diz acreditar no direito das pessoas de terem uma arma. Ao mesmo tempo, cobra regras mais rígidas para comprar armas mais letais, como controle de histórico de saúde mental.

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Kamala falava sobre prevenção a ataques em escolas

A postagem checada reproduz trecho de entrevista de Kamala à apresentadora Oprah Winfrey, em 19 de setembro (assista aqui, em inglês). Foi exibido um vídeo com informações sobre tiroteios em escolas. Na plateia estava uma adolescente que foi vítima e seus pais. Ela foi atingida no ombro e no pulso. Os três relataram o que viveram durante o ataque.

Kamala disse ser favorável à Segunda Emenda, que estabelece o direito ao porte de armas nos Estados Unidos (leia mais abaixo). Ela falou: "Já faz algum tempo que, quando se trata de violência com o uso de armas, algumas pessoas têm passado a falsa ideia de que se trata de uma escolha entre ser a favor da Segunda Emenda ou de tomar a arma de todo mundo. Eu sou a favor da Segunda Emenda. Mas também sou a favor de proibir armas de assalto. De ter controle de histórico (dos compradores de armas). De políticas de monitoramento para detectar possíveis ameaças às pessoas."

Em seguida, a vice-presidente fez o comentário utilizado pela postagem checada: "Eu também tenho armas. O Tim (Walz, candidato a vice-presidente) também tem. E se alguém invadir minha casa, vai tomar um tiro! Talvez, não devia ter falado isso... Mas, minha equipe que lide com isso depois."

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Qual a posição de Kamala sobre porte de armas

Em 2019, Kamala Harris compareceu a uma sabatina da CNN. Ela disse que era a favor de aprovar legislação mais rigorosa para regular a venda de armas (assista aqui, em inglês). Ela falou, entre outros pontos, sobre a necessidade de verificar o histórico dos compradores de armas.

Em 2022, Kamala apoiou uma lei aprovada por democratas e republicanos (leia aqui, em inglês) que estabeleceu regras mais rígidas para a compra de armas. Entre as normas, estão maior monitoramento da ficha criminal e o histórico de saúde mental para compradores menores de 21 anos, endurecimento de penas para o tráfico de armas e investimento de US$ 1,4 bilhões em prevenção.

No debate promovido pela emissora ABC (assista aqui, em inglês), em 10 de setembro deste ano, o ex-presidente Donald Trump, candidato republicano, acusou Kamala de planejar o confisco de armas de todos os cidadãos. Ela negou e disse que ela e seu candidato a vice-presidente, Tim Walz, possuem armas.

Porte de armas: cenário

O direito à posse de armas é um tema que divide os americanos. Ele está ligado a interpretações jurídicas da segunda emenda da constituição americana. Ela diz:

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Decisões mais antigas da Suprema Corte analisaram a questão sob a perspectiva de que a emenda servia de barreira à intervenção federal nos estados, e o direito destes de formarem órgãos armados. Em casos mais recentes, os ministros defenderam que a emenda se estende, também, ao direito dos indivíduos de possuir armas para propósitos historicamente legais como, por exemplo, a legítima defesa dentro do lar. No entanto, a Corte determinou que esse direito não é absoluto. Em um caso de 2008, destacaram que há proibições historicamente legais como, por exemplo, o porte de armas em escolas ou prédios públicos.

Cada estado americano tem poder para legislar sobre as regras para a obtenção de armas. Entre as medidas mais comuns estão: análise do histórico criminal e de saúde mental do comprador; restrição aos tipos de arma que se pode comprar; e até mesmo a proibição nos casos em que forem detectados sinais de que o comprador representa um risco a si mesmo e a outras pessoas (conhecidas como políticas de 'alerta vermelho').

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