Vídeo mostra desfile naval no Amazonas, não defesa contra invasão venezuelana em Roraima

A Marinha afirma que imagens do vídeo referem-se a um desfile alusivo ao Dia da Marinha realizado no dia 11 de junho de 2021, em Manaus (AM)

9 dez 2024 - 15h21
Resumo
FALSO - É falsa a postagem que usa um vídeo de desfile naval alusivo ao Dia da Marinha para afirmar que Lula (PT) mandou militares para a fronteira do Brasil com a Venezuela porque o presidente Nicolás Maduro quer tomar Roraima. Além do fato de não se tratar de uma operação das Forças Armadas contra o país vizinho, o local da filmagem é Manaus, capital do Amazonas.

Conteúdo investigado: Vídeo com helicóptero e embarcações militares em uma praia repleta de banhistas. Sobreposto às imagens, está o texto “vocês acham que o Maduro tá brincando olha aí o que o Lula mandou para a fronteira porque sabe que o Maduro não tá brincando ele quer tomar Roraima de qualquer jeito”. A publicação possui uma legenda que diz “Lule está louquinho pra uma False Flag com Maduro pra se perpetuar no poder”.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Não é verdade que o governo brasileiro tenha enviado as Forças Armadas para Roraima com o objetivo de defender o estado de uma invasão do Exército venezuelano.

Em contato com a Marinha do Brasil, a instituição classificou a postagem como uma “fake news” e esclareceu que não houve operação na fronteira. Assim, a alegação de que Lula iria adotar uma “false flag” — estratégia que, em um conflito, visa culpar o oponente (no caso, a Venezuela) — também não procede.

Destacou, ainda, que as imagens do vídeo referem-se a um desfile alusivo ao Dia da Marinha realizado no dia 11 de junho de 2021, em Manaus–AM.

No vídeo também é possível ouvir, ao fundo, um homem falando que está no Amazonas, diferentemente do texto publicado que sugere se tratar de Roraima. Características da orla e uma ponte ao fundo indicam que o local da gravação é Ponta Negra, na capital amazonense.

Recentemente, outro conteúdo de desinformação circulou nas redes sociais com a alegação de que o Brasil fez um acordo para dar Roraima para a Venezuela.

Para o Comprova, falso é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 6 de dezembro, a publicação alcançou 414,7 mil visualizações.

Fontes que consultamos: Ministério da Defesa, Marinha do Brasil, pesquisa por desfiles navais em Roraima e busca reversa de imagens no Google. A equipe de reportagem também tentou contato com o autor da postagem, mas o perfil dele não permite enviar mensagens privadas e não foi possível identificar outras contas ou quem é o responsável.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: As relações diplomáticas entre o Brasil e a Venezuela são alvos frequentes de desinformação. O UOL Confere mostrou que o governo brasileiro não negociou o estado de Roraima com o governo venezuelano. O Boatos.org concluiu que não há indicações de que Venezuela quer entregar Roraima para o Irã e entrar em guerra com o Brasil. Já o Comprova revelou ser enganosa a publicação que relacionou apagão a decreto para compra de energia na Venezuela.

Conteúdo com informações falsas foi publicado no X
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Foto: Reprodução/Projeto Comprova

* Projeto Comprova é uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos liderada e mantida pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que reúne jornalistas de 42 veículos de comunicação brasileiros --incluindo o Terra-- para descobrir, investigar e desmascarar conteúdos suspeitos sobre políticas públicas, eleições, saúde e mudanças climáticas que foram compartilhadas nas redes sociais.

Fonte: Redação Terra
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