A defesa de um cirurgião, investigado por supostamente causar mortes e lesões em pacientes em Novo Hamburgo, informou na manhã desta sexta-feira que sua prisão preventiva foi revogada. O médico estava detido há quase dois meses na Penitenciária Estadual de Canoas por violar medidas cautelares. De acordo com a Polícia Civil, ele é suspeito em casos que somam 42 homicídios e lesões em outros 114 pacientes.
A prisão havia sido decretada pela Vara do Júri de Novo Hamburgo em 10 de setembro, após o médico não atender a 13 tentativas de intimação, segundo a ordem judicial. Segundo Brunno de Lia Pires, advogado do médico, a Justiça concedeu habeas corpus após concluir que não houve violação das medidas cautelares. Ele informou que o cirurgião deixou o sistema prisional na tarde de quinta-feira e está agora com seus familiares.
"A prisão preventiva havia sido decretada porque o médico não estava em casa quando um oficial de Justiça o procurou. Ocorre que ele não estava na residência porque trabalhava como auxiliar em um restaurante em Novo Hamburgo, e cumpria o turno quando foi procurado", afirma Brunno de Lia Pires.
O advogado acrescenta que o médico responderá em liberdade provisória a dois processos que envolvem um total de seis mortes. Ambos os casos estão ainda na fase de instrução. Conforme o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), as acusações contra o cirurgião referem-se a casos ocorridos entre 2015 e 2022. Ele responde por homicídios qualificados, atribuídos à morte de pacientes por choque séptico, uma condição que resulta de uma infecção grave e de rápida disseminação pelo corpo.
O investigado está proibido de realizar cirurgias ou atender em consultas, pois teve seu registro no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) suspenso por decisão judicial. Ele foi preso em dezembro de 2023 no interior de São Paulo, enquanto trabalhava em um hospital usando um registro do Conselho Regional de Medicina de SP, mas foi liberado alguns dias depois.