Comissão aprova acordo com EUA para uso da Base de Alcântara

Placar de 21 votos a 6 é visto como uma vitória do governo e de Eduardo Bolsonaro, cotado para embaixada americana

21 ago 2019 - 22h59
(atualizado em 22/8/2019 às 07h39)

BRASÍLIA - Em uma vitória do governo, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprovou ontem, por 21 votos a 6, o acordo de salvaguardas tecnológicas entre o Brasil e os Estados Unidos que permite o uso comercial da Base de Alcântara, no Maranhão.

Fechada em março deste ano, a negociação - que ainda depende do aval do Congresso - é uma das metas de Jair Bolsonaro para estreitar as relações com os americanos. Ele foi assinado durante a viagem do presidente ao país chefiado por Donald Trump.

Publicidade
Militar. Base de Alcântara, no Maranhão; acordo assinado com os EUA precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional
Militar. Base de Alcântara, no Maranhão; acordo assinado com os EUA precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional
Foto: VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL / Estadão Conteúdo

O acordo de salvaguardas tecnológicas prevê a proteção de conteúdo com tecnologia americana usado no lançamento de foguetes e mísseis a partir da Base de Alcântara. Atualmente, 80% do mercado espacial usa tecnologia americana e, portanto, a ausência de um acordo de proteção limita o uso da base brasileira.

A comissão de Relações Exteriores é presidida pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, que deve usar a votação como trunfo político para se credenciar como embaixador dos EUA. A possível indicação de Eduardo ao posto gerou críticas por parte da oposição na comissão, para quem o parlamentar teria "interesse pessoal" na questão.

A votação na Comissão de Relações Exteriores dividiu os partidos de oposição. Enquanto PT e PSOL orientaram contrários ao acordo, PCdoB, PDT e o PSB se foram a favor, mas com ressalvas. Para ser concluído, o acordo ainda precisa ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário da Câmara.

Uma das reclamações dos opositores é de que o acordo com os EUA fere a soberania nacional - mesmo argumento que parlamentares usaram para, em 2002, rejeitar o acordo de salvaguardas. Entre os pontos considerados polêmicos está o trecho segundo o qual os países deverão assegurar que apenas pessoas autorizadas pelo governo dos Estados Unidos deverão ter acesso a certos equipamentos e áreas restritas.

Publicidade

O acordo ainda precisará ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e pelo plenário da Casa. Depois ainda vai ao Senado.

Fórmula 1

Ao defender o acordo, Eduardo comparou as restrições impostas com o que acontece na Fórmula 1, em que há controle de acesso a algumas áreas para proteger a tecnologia utilizada pelas empresas.

"Na Fórmula 1 existem alguns segredos industriais, segredos na confecção dos motores dos carros. Então, quando a Fórmula 1 vem para Interlagos, no box da Ferrari só entra quem a Ferrari autorizar, será que isso fere de morte a soberania nacional? É óbvio que não. É a mesma coisa que a gente está fazendo com Alcântara, um acordo simples", disse.

Veja também

As gêmeas siamesas que não param de surpreender os médicos
Video Player
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações