BRASÍLIA - O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira, 10, que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, é alguém da "mais ilibada confiança" do presidente Jair Bolsonaro, e que "conversa privada é conversa privada", ao responder a questionamentos da imprensa sobre o suposto conteúdo de mensagens trocadas entre o então juiz federal e integrantes do Ministério Público Federal.
"Vou responder de forma muito simples, conversa privada é conversa privada, descontextualizada ela traz qualquer número de ilações. Ministro Moro é um cara da mais ilibada confiança do presidente, é uma pessoa que dentro do País tem um respeito enorme por parte da população, visto as pesquisas de opinião sobre a popularidade dele", disse Mourão.
O vice-presidente destacou ainda que várias instâncias da Justiça analisaram os processos da Lava Jato. Moro atuou como juiz da operação em Curitiba, quando trabalhou na 13.ª Vara Federal de Curitiba. "E em relação aos processos ocorridos na Lava Jato todos esses passaram por primeira, segunda, e outros já chegaram na terceira instância. Não vejo nada de mais nisso aí", disse Mourão, reafirmando que conversas privadas, quando "pinça aqui e acolá", ficam fora do contexto. "Toda vez que pega conversa privada, eu pinço aqui acolá, está fora do contexto", disse.
Mourão disse também que não tratou do assunto quando esteve reunido com Bolsonaro no início da manhã desta segunda-feira. "O presidente agora de vez em quanto quer ter um tempo só para os dois conversarem, não tocamos nesse assunto", disse.
No domingo, o site The Intercept Brasil divulgou o suposto conteúdo de mensagens trocadas pelo então juiz federal Sérgio Moro e por integrantes do Ministério Público Federal, como o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba.
As conversas mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato por meio de mensagens trocadas no aplicativo Telegram. O site afirmou que recebeu de fonte anônima o material. O The Intercept tem entre seus fundadores Glenn Greenwald, americano radicado no Brasil que é um dos autores da reportagem. De acordo com o site, há conversas escritas e gravadas nas quais Moro sugeriu mudança da ordem de fases da Lava Jato, além de dar conselhos, fornecer pistas e antecipar uma decisão a Dallagnol.
PF apura invasão de telefones de Moro e de procuradores
Há um mês, como mostrou o Estado, a Polícia Federal instaurou um mês um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da República que atuam nas forças-tarefas da Lava Jato em Curitiba, no Rio e em São Paulo. Há 4 dias, outro inquérito foi aberto para apurar ataques ao celular de Moro.
A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba afirmou, em nota divulgada na noite de domingo, 9, que "não sabe exatamente ainda a extensão da invasão", mas que "possivelmente" foram copiados "documentos e dados sobre estratégias e investigações em andamento e sobre rotinas pessoais e de segurança" dos integrantes do grupo e de suas famílias.
Também por meio de nota no domingo, Moro afirmou que, nas mensagens em que é citado, "não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado".