MADRID - Mais de 80% dos pacientes de covid-19 têm deficiência de vitamina D e esta insuficiência é mais frequente entre os homens, segundo estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, que envolveu 218 infectados.
Os pacientes estavam internados no Hospital Universitário Marquês de Valdecilla, da cidade espanhola de Santander. A vitamina D, hormônio produzido pelos rins, controla a concentração de cálcio no sangue e afeta o sistema imunológico, explica um comunicado da Sociedade de Endocrinologia, que reúne mais de 18 mil especialistas em 122 países. A deficiência da vitamina tem relação com uma variedade de problemas de saúde e a comunidade científica investiga os motivos.
Os pesquisadores ressaltam que se trata de um estudo de observação e, para determinar se o tratamento com vitamina D tem algum papel na prevenção da enfermidade ou na melhora do prognóstico dos pacientes com covid-19 será necessário realizar grandes testes controlados a fim de contribuir para o controle de futuras ondas do novo coronavírus.
Cada vez mais estudos apontam o efeito benéfico desta vitamina no sistema imunológico, especialmente no que diz respeito à proteção contra infecções. José L. Hernandéz, da universidade espanhola de Cantabria, indica que a abordagem ideal seria identificar e tratar a deficiência da vitamina especialmente nas pessoas pertencentes aos grupos de alto risco para a covid-19, como idosos e pacientes com comorbidades.
O tratamento com vitamina D deveria ser recomendado aos pacientes de covid-19 que apresentem baixo nível deste hormônio no sangue, "já que isso poderia ter efeitos positivos tanto nos sistemas muscular e esquelético como no imunológico", diz o especialista. Os pesquisadores observaram que 82,2% dos 216 pacientes de covid-19 do Hospital Universitário Marquês de Valdecilla tinham deficiência de vitamina D, e que os homens tinham níveis mais baixos que as mulheres.
Especificamente, segundo este estudo, os pacientes de covid-19 com níveis de vitamina D mais baixos apresentaram níveis elevados da presença de marcadores inflamatórios no sangue, como ferritina e dímero-D (marcador relacionado a problemas de coagulação sanguínea).
Os pesquisadores não encontraram relação entre as concentrações ou deficiência de vitamina D e a gravidade da covid-19. Eles reconhecem que o trabalho tem limitações, como ter sido realizado apenas em um centro hospitalar e, por isso, os dados não podem ser generalizados a outros locais, etnias e países./EFE