Antes de mortes, Pará disse que não havia falta de oxigênio

Secretaria de Saúde diz que apoio estadual depende das solicitações dos municípios; óbitos ocorreram em município na divisa com Amazonas

20 jan 2021 - 13h40
(atualizado às 13h49)

No dia 16 de janeiro, três dias antes da morte de seis pessoas por falta de oxigênio nos hospitais do município de Faro, no Pará, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que os níveis de oxigênio seguiam "regulares no Pará, atendendo com normalidade às demandas" de pacientes com covid-19. Nessa terça-feira, 19, em novo comunicado, o órgão confirmou as mortes em "decorrência de complicações da doença e ausência de estrutura hospitalar no município".

Parentes de pessoas doentes tentam recarregar cilindros de oxigênio em empresa privada em Manaus (AM) 15/01/2021 REUTERS/Bruno Kelly
Parentes de pessoas doentes tentam recarregar cilindros de oxigênio em empresa privada em Manaus (AM) 15/01/2021 REUTERS/Bruno Kelly
Foto: Reuters

Na semana passada, a secretaria havia reportado também que duas fábricas de oxigênio, além de duas unidades de envasamento de cilindros, poderia inclusive atender outros Estados. "O Estado conta com uma capacidade de 58 mil metros cúbicos diários, que consegue atender toda a demanda dos Estados do Pará e Amapá, além de ter suporte logístico com outras regiões do País, se necessário", informou comunicado da pasta.

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A realidade no município de 12 mil habitantes que faz divisa com o Amazonas, no entanto, é o colapso na área de saúde com a falta de oxigênio. Além dos seis óbitos, 34 pacientes estão hospitalizados na comunidade de Nova Maracanã, região que vive a situação mais delicada. Nessa terça-feira, o Estadão também identificou a falta de estrutura das cidades vizinhas de Terra Santa (PA) e Nhamundá (AM) para enfrentar a pandemia.

A secretaria de saúde informou que cada prefeitura é responsável pela manutenção de contratos e aquisição do produto para abastecimento local. Caberia à gestão estadual a compra e o abastecimento de oxigênio dos hospitais. "Tive a comunicação de que as empresas que fornecem oxigênio têm condições de atender, mas dependem das solicitações de cada município. E para que não haja ruído, tanto o Sipriano (Sipriano Ferraz, secretário adjunto da Secretaria de Estado de Saúde Pública) quanto o Henderson (Henderson Pinto, secretário regional de Governo do Baixo Amazonas), irão pessoalmente a Faro para discutir esse assunto", afirmou o governador Hélder Barbalho (MDB-PA).

Nesta quarta-feira, o Barco Hospital Papa Francisco deve chegar a Nova Maracanã para atender os moradores. O governo estadual pediu autorização à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para que pousos emergenciais façam a transferência de pacientes graves. Oito deles precisam de cuidados de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Desde o dia 14 de janeiro, quando o Amazonas, Estado vizinho, começou a viver a crise da falta de oxigênio, o monitoramento do consumo nos hospitais paraenses se tornou mais efetivo. O governo garante que está abastecendo preventivamente alguns municípios do Baixo Amazonas. Ainda de acordo com o governo estadual, foram abertos dez leitos de UTI e cinco clínicos em Juruti. No Hospital Regional do Baixo Amazonas, os 20 leitos de UTI devem ser ampliados para 30.

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