Antes de ver Mandetta, Bolsonaro defende uso de cloroquina

Presidente recebe nesta quarta o ministro da Saúde, que defende cautela sobre o medicamento, para uma reunião no Palácio do Planalto

8 abr 2020 - 08h58
(atualizado às 09h11)

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso da hidroxicloroquina e da cloroquina contra a covid-19. Os medicamentos ainda não têm resultados cientificamente comprovados para o tratamento de pacientes com a doença. Na manhã desta quarta-feira, 8, Bolsonaro recebe o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que defende cautela em relação ao remédio, para uma reunião no Palácio do Planalto. A pauta do encontro não foi divulgada.

Presidente Jair Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada em Brasília
02/04/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Jair Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada em Brasília 02/04/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

"Há 40 dias venho falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Sempre busquei tratar da vida das pessoas em 1° lugar, mas também se preocupando em preservar empregos", disse.

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Bolsonaro afirmou ainda ter feito contato com "dezenas de médicos" e alguns chefes de Estados de outros países para falar sobre os medicamentos. "Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz", disse.

Na publicação, o presidente também citou que dois médicos brasileiros "se negam" a divulgar se utilizaram os dois remédios em seus tratamentos contra o novo coronavírus. Bolsonaro faz referência ao coordenador do Centro de Contenção para o novo coronavírus no Estado de São Paulo, David Uip. Nas redes sociais, o presidente tem pressionado Uip, que testou positivo para a covid-19, a revelar se utilizou ou não cloroquina e a hidroxicloroquina.

"Dois renomados médicos no Brasil se recusaram a divulgar o que os curou da covid-19. Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do governador de SP?", questionou. "Acredito que eles falem brevemente, pois esse segredo não combina com o Juramento de Hipócrates que fizeram. Que Deus ilumine esses dois profissionais, de modo que revelem para o mundo que existe um promissor remédio no Brasil."

Na terça-feira, David Uip já havia falado sobre o assunto. "Eu não me prescrevi, eu não me receitei, eu fui cuidado por médicos da minha confiança", disse o infectologista. "É algo absolutamente pessoal e, como eu respeito os meus pacientes, eu gostaria de ser respeitado em algo que é muito pessoal e muito particular. Não faço isso para esconder nada, mas não quero transformar o meu caso em modelo para coisa alguma."

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Ministério acompanha estudos sobre cloroquina

Ontem, em coletiva de imprensa, Mandetta afirmou que o Ministério da Saúde acompanha estudos clínicos sobre a eficácia de medicamentos contra o novo coronavírus, entre eles, a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os primeiros resultados devem ser conhecidos a partir do dia 20. No Brasil, a droga já está disponível nos hospitais para pacientes com quadros moderados e graves. Fora desse grupo, o ministério não recomenda a utilização.

"Já liberamos cloroquina e hidroxicloroquina tanto para os pacientes críticos, aqueles que ficam em CTIs, quanto para qualquer paciente em hospital, o moderado. O medicamento já é entregue, já tem protocolo", disse o ministro.

Na segunda-feira, Mandetta afirmou ter sido pressionado por dois médicos a editar um protocolo para administração dos medicamentos, após reunião com Bolsonaro. Ele se recusou alegando ausência de embasamento científico.

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