Anvisa recomenda restrição para voos da África do Sul

Agência divulgou a orientação após a detecção de uma nova variante do coronavírus na África do Sul

26 nov 2021 - 10h57
(atualizado às 13h13)
Sede da Anvisa em Brasília
23/02/2021 REUTERS/Ueslei Marcelino
Sede da Anvisa em Brasília 23/02/2021 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou nesta sexta-feira, 26, a restrição de voos e viajantes vindos da África do Sul, Botswana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, após a detecção de uma nova variante do coronavírus na África do Sul, informou o órgão regulador em nota.

Em nota técnica, a Anvisa recomenda a suspensão de todos os voos e da entrada de estrangeiros vindos desses países e quarentena de 14 dias para brasileiros ou residentes legais no país que tiveram passagem por um desses países.

Publicidade

Por não haver voos diretos desses países para o Brasil, a Anvisa recomenda a restrição de entrada de viajantes dessas áreas também por qualquer outro meio de entrada.

A nota técnica da Anvisa, no entanto, é uma recomendação e o governo federal não é obrigado a segui-la.

Na manhã desta sexta, em conversa com apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro indicou que não tem intenção de fechar aeroportos.

Europa

Publicidade

A nova variante do coronavírus fez com que autoridades na Alemanha e em vários países europeus anunciassem desde quinta-feira, 25, que vão impor restrições imediatas a voos provenientes do país.

Segundo o ainda ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, o governo considera também bloquear a entrada de viajantes vindos de países vizinhos da África do Sul, num momento em que a Alemanha registra novos recordes diários de infecções e está mergulhada na quarta onda de contágio pelo novo coronavírus.

Nesta sexta-feira, a incidência de novos casos por cem mil habitantes em sete dias bateu recorde pelo décimo nono dia seguido, subindo para 438,2. Nas 24 horas anteriores, a Alemanha registrou 76.414 novas infecções, outro recorde desde o início da pandemia.

Para Spahn, "a última coisa de que precisamos é trazer uma nova variante que vai causar ainda mais problemas", num momento em que o país começa a transportar pacientes de UTIs de regiões sobrecarregadas para áreas onde ainda há capacidade de acolher pessoas necessitadas de cuidados intensivos.

Publicidade

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse em um comunicado que "propõe, em estreita coordenação com os estados-membros, acionar o freio de emergência para interromper as viagens aéreas da região sul da África" durante uma reunião prevista para esta sexta-feira. A Alemanha e países como França e Itália não esperaram o aval de Bruxelas.

Por seu lado, porém, a Organização Mundial da Saúde advertiu contra precipitações nas proibições de viagens, pedindo uma "abordagem científica e com base na análise de riscos".

Em coletiva de imprensa em Genebra, o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, afirmou: "Neste momento, desaconselha-se a implementação de restrições de viagem".

Especialistas do órgão vão discutir nesta sexta-feira se classificarão a variante como "de interesse" ou "de preocupação". Deverá levar algumas semanas para que se saiba mais sobre a nova cepa.

Publicidade

Quais são as restrições a voos da África do Sul?

A proposta de restrição total do tráfego aéreo entre África do Sul e Europa pode ser colocada em prática já na noite desta sexta-feira. Os europeus que retornarem da região sul do continente africano devem fazer quarentena de 14 dias.

No momento, somente cidadãos alemães que desejam retornar para casa podem voar da África do Sul para a Alemanha. Além da Alemanha, Áustria, Itália, Israel e Reino Unido também já impuseram restrições aos voos para e a partir da África do Sul.

A Lufthansa, maior empresa do setor aéreo alemão, disse que vai implementar a medida e que deve continuar a operar voos de carga e de passageiros "para trazer as pessoas para casa".

O que se sabe sobre a nova variante?

Segundo cientistas, a nova variante do coronavírus detectada na África do Sul é uma preocupação por causa do alto número de mutações. Isso estaria ajudando o vírus a driblar a resposta imunológica do corpo humano e a torná-lo mais transmissível.

Publicidade

Enquanto a variante delta possui duas mutações e a variante beta - originária da África do Sul - possui três, a B.1.1.529 teria pelo menos 32 mutações da proteína spike.

Pessoas mais jovens parecem estar contraindo e espalhando a variante recém-identificada. Cientistas afirmam, porém, que as próximas semanas serão essenciais para determinar a gravidade e as características de transmissão da cepa.

O surgimento da nova variante também provocou a abertura em queda das principais bolsas europeias nesta sexta, com baixas superiores a 3%. Além disso, impulsionou a queda do preço de petróleo.

Em Israel, o Ministério da Saúde afirmou que detectou o primeiro caso da nova variante numa pessoa que voltou do Malawi. O viajante e mais duas pessoas suspeitas de terem sido contaminadas pela nova cepa estão em quarentena. Os três possuem ciclo vacinal completo.

Publicidade

* Com informações da Deutsche Welle

Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações