Após campanha suspensa, Secom adota mote 'proteger vidas e empregos'

Última peça publicitária do governo para o novo coronavírus, 'O Brasil não pode parar' se posicionava contra o isolamento social

14 abr 2020 - 23h37

BRASÍLIA - A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) divulgou na noite desta terça-feira, 14, propaganda institucional sobre ações realizadas pelo governo no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O mote é "proteger vidas e empregos". O Palácio do Planalto publicou um vídeo no Youtube, e o secretário Fabio Wajngarten o distribuiu pelo Twitter.

'A vida dos brasileiros vem em primeiro lugar', diz vídeo da nova propaganda do governo 
'A vida dos brasileiros vem em primeiro lugar', diz vídeo da nova propaganda do governo
Foto: Secom/Reprodução / Estadão

"A vida dos brasileiros vem em primeiro lugar", diz o locutor, que também pondera. "A prioridade é preservar a vida dos brasileiros, mas não podemos deixar de lado questões fundamentais para vencermos essa crise, como preservar empregos e manter a renda da população."

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O filme publicitário tem estética similar, mas o novo conceito mostra uma mudança de tom quando comparado à frase "O Brasil não pode parar", que era repetida seguidas vezes em outro vídeo difundido nas mídias digitais por aliados do governo, como o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da República. A frase também chegou a ser publicada pela Secom em peças de propaganda nas redes sociais, em contas oficiais do Planalto.

A Justiça Federal mandou suspender a veiculação das peças de publicidade com os dizeres "O Brasil não pode parar". O Supremo Tribunal Federal também analisa ações contra a propaganda da Secom. Ouvida a respeito, a Procuradoria-Geral da República acatou a argumentação do Planalto de que a campanha com aquele conceito nunca se materializou.

A frase foi associada a uma visão contrária ao isolamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, e favorável à retomada das atividades econômicas, tese defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.

A Secom abandonou a campanha "O Brasil não pode parar". O órgão afirmou se tratar de uma proposta de peça publicitária, e não de trabalho acabado, e argumentou que a edição do vídeo nunca chegou a ser oficialmente veiculada. Publicações de cartões virtuais com os mesmo dizeres, que tinham sido publicados, terminaram sendo depois apagados pela Secom.

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O novo comercial de 1 minuto de duração lista uma série de gastos governamentais, como o investimento de R$ 16 bilhões na compra de equipamentos hospitalares, de proteção e medicamentos, R$ 50 milhões em pesquisa científica, 22 milhões de testes para covid-19, a liberação de R$ 3 bilhões para Estados e municípios, o saque de R$ 600 para autônomos e informais e o crédito de R$ 40 bilhões para micro e pequenas empresas.

A propaganda audivisual afirma que a pandemia do novo coronavírus "desafia governos em todo o mundo", outra mudança em relação ao discurso inicialmente adotado pelo presidente, que tratou a doença como uma "gripezinha" e minimizou o risco de infecção ao dizer que "brasileiro pula no esgoto e não pega nada".

Segundo a Secom, outros vídeos e peças para internet em produção para a nova campanha "mostratão como estão sendo aplicados os R$ 800 bilhoes que até o momento foram destinados pelo governo federal para o combate à pandemia e as suas consequências sociais, econômicas e humanitárias". O valor investido na campanha e a agência responsável pela criação e produção não foram informados. Ela será veiculada em TV aberta e fechada, rádio e internet.

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