Após mais de dois meses fechado, comércio reabre em BH na 2ª

Entre os critérios de funcionamento estão a restrição no número de clientes nos estabelecimentos e a obrigatoriedade do uso de máscaras

23 mai 2020 - 11h10
(atualizado às 11h37)

BELO HORIZONTE - Mais de dois meses depois de ter a atividade econômica reduzida por causa da pandemia do novo coronavírus, Belo Horizonte vai reabrir o comércio na segunda-feira, 25, com horário pré-fixado de funcionamento de lojas para controlar a circulação de pessoas pela cidade, restrição no número de clientes nos estabelecimentos e obrigatoriedade do uso de máscaras.

O retorno envolve salões de beleza, com horário marcado, lojas do setor de varejo, como móveis, shoppings populares e papelarias. Bares e restaurantes estão fora da fase inicial de reabertura, assim como shoppings centers. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 22, pelo comitê de infectologistas da prefeitura. O fechamento do comércio ocorreu em 18 de março.

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Vista do mercado central de Belo Horizonte
Vista do mercado central de Belo Horizonte
Foto: ALEX DE JESUS / O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO

O prefeito Alexandre Kalil (PSD) não participou da apresentação do programa de reabertura. O médico Jackson Machado, que integra o comitê, admitiu temor em relação ao início da retomada do comércio na cidade. "O momento me traz um pouco de medo. Não sabemos o que vai acontecer", afirmou.

O acompanhamento para manutenção do processo de reabertura, ou sua interrupção, caso seja necessária, levará em conta três critérios: o nível de transmissão da doença e o número disponíveis de leitos específicos para pacientes de covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e em enfermarias.

A elaboração do programa levou em consideração a circulação de pessoas na cidade, por isso os horários pré-estabelecidos para o retorno. Shoppings populares podem funcionar das 11h às 19 horas. Salões de beleza, das 7h às 21 horas. Além do horário marcado, há proibição de uso de toalhas de pano e definição para que haja intervalo de 30 minutos entre um cliente e outro.

A decisão de permitir a volta dos shoppings populares, e não dos shoppings centers, deve-se ao número de trabalhadores em cada um dos setores. No caso dos primeiros, segundo o infectologista, o total de trabalhadores é de 2 mil, quantidade menor que a dos outros shoppings, conforme o médico. "Dessa forma, permite-se que o número de pessoas circulando seja diluído ao longo do dia", justificou Machado.

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Grupo de risco está proibido de retomar trabalho

Funcionários dos estabelecimentos com retorno autorizado que tiverem mais de 60 anos, forem diabéticos, hipertensos, ou seja, que estejam no grupo de risco em relação à covid-19, estão proibidos de retornar ao trabalho, conforme o plano de reabertura da prefeitura. Pelo programa, as lojas têm de respeitar área de cinco metros quadrados por pessoa. Um estabelecimento com 30 metros quadrados, por exemplo, pode permitir a entrada de seis pessoas, incluindo funcionários. Não pode haver promoções e o ar condicionado tem de ficar desligado.

O médico afirma que o respeito ao isolamento em Belo Horizonte permitiu o início da reabertura do comércio na cidade. Machado, no entanto, demonstrou preocupação com o uso de máscara na cidade. "Passei em um ponto de ônibus. Havia quinze pessoas. A metade com a máscara no queixo", denunciou. O infectologista, como já afirmou o prefeito Kalil, disse que, caso os índices levados em conta para o plano de reabertura piorem, pode ocorrer, inclusive, lockdown na cidade.

Atualmente, segundo o médico, o nível de transmissão é de 1,09. O alerta, para esse índice, ocorre quando o patamar chega a 1,20. Os outros dois indicadores, leitos de UTI e de enfermaria específicos para covid-19, estão hoje em 40% e 34%, respectivamente. Belo Horizonte tem 867 leitos para a doença, sendo 220 em UTIs e 647 em enfermarias. A prefeitura afirma que, por parceria com hospitais, pode abrir mais 729 de UTIs e 1.752 de enfermaria, a qualquer momento. A cidade tem hoje 1.280 casos de covid-19 e 36 mortes pela doença.

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