Após suspensão de vacina, Queiroga minimiza evento adverso

Após relacionar morte com supostas suspeitas sobre imunização de adolescentes, ministro disse que episódio não invalida a vacinação

20 set 2021 - 13h26
(atualizado às 13h37)
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante entrevista coletiva em Brasília
18/08/2021 REUTERS/Adriano Machado
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante entrevista coletiva em Brasília 18/08/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Depois de decidir suspender a vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos contra covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu a vacinação em Nova York mesmo em caso de ocorrência de alguns eventos adversos.

Na semana passada, depois de pedido do presidente Jair Bolsonaro, Queiroga disse que a vacinação nessa faixa etária deveria ser suspensa.

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Em uma entrevista confusa, em que misturou o episódio da morte de uma adolescente em São Paulo com supostas suspeitas sobre as vacinas para essa faixa etária, Queiroga afirmou que os Estados correram demais com a vacinação e ela não deveria ser mantida para os adolescentes.

Já nesta segunda, em entrevista a jornalistas em Nova York, onde está acompanhando o presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Queiroga afirmou que a existência de eventos adversos não é motivo para não vacinar.

"Brasil já vacinou mais de 3,5 milhões de adolescentes. A gente teve um efeito adverso e a mim cabe avaliar esses efeitos adversos da vacina. Eles existem e não são motivos para suspender campanha de vacinação ou relativizar seus benefícios, mas a autoridade sanitária tem que avaliar esses casos até para que faça as notificações devidas", afirmou.

O governo do Estado de São Paulo informou, no fim de semana, que a causa da morte da adolescente não teve relação com a vacina. Segundo a nota, a causa da morte foi uma doença autoimune chamada Púrpura Trombótica Trombocitopênica e não existe relato de que tenha relação com a vacinação.

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Questionado sobre isso, Queiroga afirmou que o Ministério da Saúde fará sua própria avaliação antes de se manifestar sobre o caso, mas repetiu que o episódio não invalida a vacinação.

"Mas eu aqui já adianto: mesmo que tenha sido um efeito adverso ligado à vacina, não invalida a vacinação. O que o governo já defendeu é que os adolescentes deveriam ir depois. A gente precisa avançar nos acima de 18 anos. Então é uma questão de prioridade e logística", afirmou, repetindo que os Estados começaram antes a vacinar adolescentes e agora reclamam que faltam doses.

Até agora, apesar da nova orientação do ministério, a maior parte dos Estados decidiu manter a vacinação de adolescentes. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde pede uma reversão da posição da pasta e governos estaduais analisam entrar na Justiça para garantir a entrega de doses.

Doações

Questionado sobre a possibilidade de Bolsonaro anunciar a doação de vacinas em seu discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, na terça-feira, Queiroga afirmou que o Brasil defende a ampliação ao acesso às vacinas, mas que isso será anunciado quando estiver acertado.

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O Brasil ainda não produz vacinas 100% localmente e depende de compras internacionais ou da importação de insumo farmacêutico ativo (IFA) para envase local dos imunizantes.

O acordo de transferência de tecnologia entre a AstraZeneca/Oxford está em vigor e a Fundação Oswaldo Cruz já produz os primeiros lotes para análise mas, na melhor das hipóteses, a vacina feita 100% no Brasil estará sendo distribuída no final deste ano.

Queiroga disse ainda que teve encontros com investidores em Nova York, em que tratou das possibilidades de abertura no Brasil e de brasileiros voltarem a circular no mundo e do status da campanha de vacinação no Brasil.

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