Apresentador da BBC: 'Errei ao me achar invencível com duas doses de vacina'

Andrew Marr, apresentador da BBC, adoeceu com covid-19, apesar de ter tomado as duas doses da vacina.

5 jul 2021 - 07h58
(atualizado às 08h09)
Andrew Marr, apresentador da BBC, adoeceu com covid-19, apesar de ter tomado as duas doses da vacina
Andrew Marr, apresentador da BBC, adoeceu com covid-19, apesar de ter tomado as duas doses da vacina
Foto: BBC News Brasil

Não posso afirmar com certeza — mas, fazendo uma retrospectiva, não tenho dúvida que peguei a variante Delta do novo coronavírus durante a cúpula do G7 (grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo), provavelmente no domingo, 13 de junho, na Cornualha, no Reino Unido.

Foi um dia longo — começou bem antes das 5h, com todos os inconvenientes e estresses de uma transmissão externa, com nossos convidados se recusando a sair do "anel de aço" [perímetro de cercas de segurança]. Depois enfrentei grandes problemas de transporte ao tentar voltar a Londres, o que significa que só cheguei em casa depois da meia-noite.

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Estava destruído na segunda-feira, o que não foi uma surpresa — mas segui minha vida.

Na terça-feira, senti que tinha pegado um resfriado de verão — estava espirrando, com dor de garganta, e uma leve dor de cabeça.

Mas no meio da temporada de hay fever (reação alérgica ao pólen), nada me parecia anormal.

Em tempo: Eu havia tomado duas doses da vacina Pfizer-BioNTech muito tempo antes. Não estava me comportando de forma imprudente — mas me sentia praticamente invulnerável.

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E estava errado.

No dia seguinte, quarta-feira, fiz dois testes rápidos de covid-19.

Ambos deram negativo, e eu continuei com a minha vida — com meus afazeres, fazendo compras, entregando quadros para minha mostra de arte, em Bermondsey, no sudeste de Londres.

Mas ainda sentia que estava com um resfriado forte.

Sinceramente, se eu não estivesse trabalhando na sede da BBC com colegas mais jovens que não foram vacinados, poderia muito bem ter seguido em frente e tentado apresentar meu programa no domingo seguinte.

Em vez disso, fui fazer um teste de PCR em um centro no norte de Londres.

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Às 8h da manhã seguinte, recebi o resultado positivo e fui informado pelo serviço nacional de saúde (NHS, o SUS britânico) que devia me isolar por 10 dias a partir dos primeiros sintomas — portanto, no meu caso, até o fim da sexta-feira, 25 de junho.

Fiz isso. Nick Robinson, abençoado seja, me substituiu no programa no último minuto.

Dois dias após aparecerem os primeiros sintomas, comecei a me sentir gravemente doente.

Tive febre alta, dores musculares, tremores, dor de cabeça forte e sintomas de resfriado parecidos com os de uma gripe.

Eu não conseguia sentir o cheiro de nada — nem da loção pós-barba, nem do café, nada.

Começava os livros e abandonava, e ia me arrastando de volta para a cama para mais uma noite.

Nem sequer as notícias me interessavam muito.

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Num dia, eu me sentia melhor e, no seguinte, pior novamente.

Comecei a me preocupar com a covid longa.

No fim das contas, para mim, tudo acabou bem. Me recuperei bem rápido e, ao que parece, completamente.

Quando minha quarentena terminou, me sentia bem.

Mas tenho as seguintes reflexões.

Em primeiro lugar, os primeiros sintomas desta nova variante, identificada pela primeira vez na Índia, são muito, muito parecidos com o de um resfriado leve — e ela é incrivelmente infecciosa, então tome cuidado.

Em segundo lugar, se tiver alguma dúvida, faça um teste de PCR.

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Em terceiro lugar, se o resultado for positivo, pelo amor de Deus, isole-se.

Você pode pensar que tem superpoderes porque tomou as duas doses da vacina. E, sim, a vacina parece proteger muito bem contra internações hospitalares — em nenhum momento tive dificuldade para respirar.

Mas isso não significa que você não pode ser infectado.

E não quer dizer que a doença, escondida por trás desses termos suaves, "sintomas leves e moderados", não será desagradável.

Em suma, seja prudente, proteja-se.

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