O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, minimizou nesta sexta-feira (5) a decisão da Itália de bloquear a exportação de 250 mil doses da vacina anti-Covid da AstraZeneca e ainda disse "entender" os motivos do país europeu.
O bloqueio foi anunciado na última quinta-feira (4), com apoio da Comissão Europeia, e diz respeito a 250 mil doses produzidas por uma unidade da multinacional anglo-sueca em território italiano.
"Na Itália, as pessoas estão morrendo a uma taxa de 300 por dia, então eu certamente consigo entender o alto nível de ansiedade existente na Itália e em muitos países da Europa", disse Morrison.
Segundo o premiê, os membros da União Europeia enfrentam uma "crise desenfreada". "Essa não é a situação na Austrália", acrescentou. Em mensagem no Facebook, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, havia dito que o bloqueio se deve aos atrasos no fornecimento de vacinas por parte da AstraZeneca.
A multinacional prometeu entregar 4,2 milhões de doses à Itália apenas no primeiro trimestre, podendo chegar a 5 milhões, porém forneceu até agora apenas 1,5 milhão. No entanto, segundo o jornal La Repubblica, desse 1,5 milhão, somente 375 mil doses foram aplicadas até o momento.
Poucos efeitos - Ainda de acordo com Morrison, o bloqueio imposto pela Itália terá pouco efeito prático na Austrália. "Não contávamos com essa remessa em particular para o lançamento [da campanha], então vamos continuar inabaláveis", disse.
A Austrália já recebeu 300 mil doses da AstraZeneca, número que, junto com os lotes da Pfizer, deve durar até a produção interna ganhar corpo, no fim deste mês. O governo australiano estima que cerca de 50 milhões de doses serão fabricadas no país.
Ainda assim, o Ministério da Saúde afirmou ter pedido para a Comissão Europeia reconsiderar o bloqueio. Com 25 milhões de habitantes, a Austrália tem cerca de 29 mil casos do novo coronavírus e 909 mortes. Já a Itália, com 60 milhões de habitantes, soma quase 3 milhões de contágios e cerca de 100 mil óbitos.